Para Wes - a dedicatória final homenageia o criador das séries A Hora do Pesadelo e Pânico. Wes Craven, guitarrista e professor de Ciências Humanas que se destacou como autor de fantasias de horror, criou personagens emblemáticos como Freddy Krueger e Ghostface. O primeiro irrompe no sono de adolescentes com sua face derretida e unhas afiadas; o segundo, protegido pelo abrigo preto e pela máscara de boca retorcida, é o rei das facadas. Stabs! Um, dois, três - tranquem as portas. Ghostface está de novo à solta. Craven morreu em 2015, mas o legado de sua série continua. Só para constar, o visual do assassino em série baseia-se na figura da famosa série de quadros expressionistas de Edvard Munch, O Grito, de 1893. Nesta quinta, 13, estreou o quinto filme, o mais metalinguístico de todos. Na sequência do primeiro ataque, os personagens jovens da história são instados pelo ex-policial Dewey Riley/David Arquette a formar um grupo de discussão para debater os códigos de filmes slasher e de horror, e identificar o assassino mascarado. Whodunit - quem está matando? E por quê? A busca soma às novas vítimas preferenciais, as irmãs Sam e Tara, as ‘veteranas’ Sidney Prescott/Neve Campbell e Gale Weathers/Courteney Cox. Uma das regras básicas - olha o spoiler. Não confie em ninguém, muito menos em quem você ama. A quebra de confiança talvez seja o grande tema de toda a série. Nesse quinto episódio, mais até que nos anteriores, o humor é uma ferramenta tão importante como as redes sociais, que não apenas servem para comunicar, mas também para criar armadilhas mortais.
Aproveitando o apelo de Pânico para o público jovem, o Petra Belas Artes organiza nesta sexta, 14, um Noitão dedicado à franquia de Wes Craven. James Vanderbilt e Guy Busick são os diretores do novo filme, escrito pelo mesmo Kevin Williamson que foi parceiro de Craven no primeiro filme, lá atrás. Com a morte do diretor - ele fez os quatro primeiros filmes -, cabe ao roteirista reinventar(-se). Pânico 5 surge após o reboot de Halloween no ano passado. O horror tomou múltiplas formas nos últimos anos. Bonecos assassinos (Chucky), possuídos por entidades malignas (Annabelle), atividades paranormais, jogos mortais e o que talvez seja o mais perturbador de todos - A Freira, com seu romance pecaminoso e sinistro. Sinal dos tempos - Halloween Kills, ‘the ultimate slasher’, foi definido pela própria Jamie Lee Curtis como o mais intenso e brutal.
John Carpenter, que iniciou a série Halloween, tomou pancadas da crítica no seu começo, mas hoje é considerado ícone e um dos mais influentes autores dos anos 1980. A revista Total Film colhe depoimentos de diretores que reconhecem quanto devem a Craven - Edgar Wright, Rod Savage, David Gordon Green, Alice Lowe, etc. Face ao estado do mundo, Carpenter, entrevistado em agosto pela revista, revelou-se desgostoso com o estado do mundo e feliz com sua atual dedicação integral à música. No primeiro Noitão do ano, o Belas homenageia os 25 anos de Pânico - o filme foi lançado em 20 de dezembro de 1996 nos EUA.
Nas duas salas que deverão abrigar a programação - Villa-Lobos e Leon Cakoff -, o público poderá assistir na primeira a Pânico 1 e 2, e ao quinto filme. Na segunda, a programação contempla o Terror dos Mascarados. Começa com Pânico 5, prossegue com o primeiro Halloween, de 1978, e termina com um filme surpresa, que bem poderia ser Halloween Kills. Em sua crítica do filme, Total Film diz - ‘Death becomes him’, a morte torna-se ele, Michael Myers, mas poderia ser Ghostface. Preste atenção. Na era do empoderamento, e do #MeToo, Pânico 5 termina com suas mulheres armadas e poderosas. Até nisso a franquia faz história no cinema de gênero(s).
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