Poucas pessoas poderiam arriscar que depois do sucesso de Nosso Lar, que bateu a marca de quatro milhões de espectadores, seria preciso esperar mais 14 anos para a chegada do segundo filme dessa história.
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Mas foi isso o que aconteceu: por conta de uma série de imprevistos pelo caminho, um dos filmes mais bem-sucedidos do cinema brasileiros levou esse tempo todo para ter uma continuação, que estreia nesta quinta, 25, com Nosso Lar 2: Os Mensageiros.
“A vontade de fazer o segundo filme nasce junto com o primeiro. Quando fui pedir os direitos de adaptação em 2005, já pedi de Nosso Lar, de Os Mensageiros e de outros livros da série”, conta Wagner de Assis, diretor dos dois filmes. “A bem da verdade, eu queria ter começado a produção de Nosso Lar 2 no ano seguinte ao lançamento do primeiro filme”.
Segundo o diretor, foram duas as pedras no caminho. Um deles foi a pandemia, que impossibilitou por dois anos que o projeto fosse adiante – como também aconteceu com um grande número de produções. Mas antes ocorreram mudanças nos bastidores.
Em 2011, já comecei a desenvolver o roteiro, mas o projeto foi postergado. A Fox foi comprada pela Disney, então foram dois anos dessa fusão corporativa e que eu nem sabia com quem falar. Depois, quando a Disney assumiu, começamos a ver como viabilizar.
Wagner de Assis
Agora, resta saber se Nosso Lar 2 conseguirá repetir o feito do primeiro filme, com os mais de quatro milhões de espectadores. Afinal, muita coisa mudou de lá pra cá em termos de mercado: o streaming chegou, uma pandemia passou e só na semana passada um filme brasileiro bateu um milhão de espectadores depois da covid-19, a comédia Minha Irmã e Eu.
“O mercado mudou e está mudando. A gente tem que olhar dia a dia. Mas cinema é algo que a gente conquista dia a dia. Sempre foi assim com o cinema brasileiro”, diz.
A gente sempre foi conquistando espaços. Enquanto a gente puder ir filmando, sei que a gente vai continuar conquistando o nosso público. Ano passado foi atípico. 2024 é de retomada.
Agora, Wagner está preparando o próximo Nosso Lar, já que ele conta com os direitos dos outros livros. “Só espero que não demore mais 14 anos”, afirma, aos risos.
‘Nosso Lar 2′: uma continuação sem ser continuação
Apesar do número dois no título, vale dizer que Nosso Lar 2 não é necessariamente uma continuação. É claro que é preciso saber de toda a dinâmica espiritual que se estabeleceu no primeiro filme, ou ainda nos livros de Chico Xavier que deram origem às histórias.
Mas Os Mensageiros acaba trazendo novos personagens. Dá para entender tudo sem acompanhar. Isso, é claro, é um bom atrativo para o filme nesse novo cenário do cinema.
Na história, o médico André Luiz junta-se a um grupo de espíritos mensageiros da cidade espiritual Nosso Lar, liderados por Aniceto, na missão de ajudar a salvar projetos de vidas que estão prestes a fracassar.
São três protegidos com histórias interligadas: Otávio, médium que se desvirtua de sua missão; Isidoro, líder de uma casa espírita; e Fernando, empresário responsável pelo financiamento do projeto de criação da oficina espiritual.
Edson Celulari entra na história como esse líder dos anjos da guarda que é Aniceto. “Quando li o roteiro, fiquei muito tocado. O filme não apenas é a segunda história desse projeto, mas é um passo à frente”, resume o ator ao Estadão.
“Ele é mais profundo do que o primeiro filme. O Aniceto é muito grande, de uma dimensão bem maior do que eu. Não tenho essa capacidade de entender e de buscar como ele. Assim, para fazer o personagem, eu fui olhando, observando a condição humana. Foi um processo muito particular”.
Com isso, o elenco afirma que viver essa história traz algo de diferente no campo da espiritualidade. Fernanda Rodrigues interpreta Ísis, uma mulher na Terra que está passando por situações extremas, e diz que a experiência foi intensa.
“Minha personagem está em muitas dimensões. É um dos maiores desafios da minha carreira”, diz. “É um tema que eu amo e que tenho interesse desde a novela A Viagem. Mas é muito diferente de fazer um filme sobre isso, representando. Vivenciar aquilo é muito intenso, independentemente da religião”.
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