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‘Nosso Sonho’ usa tom poético para contar história de êxito e tragédia de Claudinho e Buchecha

Longa-metragem fala sobre amizade da dupla em uma atuação marcante de Lucas Penteado e Juan Paiva

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Foto do author Matheus Mans
Atualização:

Qual é o caminho certo para contar a história de Claudinho e Buchecha? A dupla carioca, que fez sucesso em todo o Brasil com hits como Só Love e Quero Te Encontrar, poderia ser abordada por diversos ângulos: a partir da tragédia que matou Claudinho, no começo dos anos 2000; do sucesso estrondoso dos dois, com milhões de discos vendidos; ou apenas da amizade deles. No entanto, o filme Nosso Sonho, que estreia nesta quinta-feira, 21 de setembro, vai pelo caminho mais poético e curioso possível: uma história sobre o tempo.

Lucas Penteado (direita) e Juan Paiva interpretam Claudinho e Buchecha, respectivamente, amigos de infância que viraram estrelas do funk nos anos 1990. Foto: Angélica Goudinho/Divulgação

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É claro que, ao longo de seus mais de 100 minutos, Nosso Sonho fala sobre tudo isso que seria possível abordar em um filme sobre a dupla. Os atores Lucas Penteado e Juan Paiva, que interpretam Claudinho e Buchecha, respectivamente, esbanjam química e fazem com que o espectador acredite na amizade mais sincera possível. Não é à toa, já que são, de fato, amigos na vida real desde Malhação: Viva a Diferença.

O sucesso também está lá, mostrando músicas que marcaram uma geração, assim como o fatídico acidente de carro. Mas, acima de tudo, está a importância de valorizar o amor entre eles e até entre familiares, já que há, também, um pedaço importantíssimo da história do filme que fala sobre o pai de Buchecha, Cláudio, que enfrentou o vício do alcoolismo.

“O filme fala sobre tempo. Diz que a gente não aproveita, não diz eu te amo, não abraça, não acalenta, não dá carinho e nem tá ali para as pessoas que precisam de nós. O tempo passa. O Claudinho ensina que o tempo acaba”, define Lucas ao Estadão. “Trocando com o Juan e com minha família, comecei a perceber como aproveitamos pouco as presenças em nossas vidas. Nós gravamos esse filme logo depois da pandemia, no finalzinho dela, quando as pessoas não podiam se abraçar, não podiam falar de perto. É um momento para refletirmos sobre afeto. Se estamos realmente presentes para as pessoas à nossa volta”.

Só love

Para encontrar esse caminho, o diretor Eduardo Albergaria (Happy Hour: Verdades e Consequências) conta que precisou de apenas uma conversa com Buchecha, ainda na época em que o filme estava sendo desenhado. “Mais do que contar a história de Claudinho & Buchecha, era contar a história que o Brasil não conhece. Um retrato pessoal e íntimo, que ganha uma nova camada que vai ressignificar tudo que a gente sabia. Isso veio do relato em primeira pessoa que ele me contou no segundo dia, quando a gente conversou”, explica o diretor do filme ao Estadão. “Eu fui instrumento de um relato do Buchecha”.

A partir disso, é claro, Nosso Sonho acaba trazendo uma visão quase única sobre a história da dupla. Não só histórias de bastidores e até de como os dois se conheceram, mas também de como ele via Claudinho: uma espécie de anjo da guarda em sua vida.

“Em vários momentos, o Claudinho me salvou”, afirma Buchecha, relembrando sua história. “O Claudinho me dava suporte. Era um anjo que se retirou abruptamente. Causou uma lacuna, um buraco tremendo. Falava pro Edu qual era o papel dele e meu papel para com ele. O Edu conseguiu traduzir, com todo grande elenco, isso que relatei”.

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Surge, então, uma espécie de tom fabular dentro de Nosso Sonho. Claudinho parece ser uma entidade que ronda Buchecha, sempre indicando ao amigo qual é o caminho certo.

“É um filme sobre o mistério da vida”, diz o diretor. “Quantas pessoas viveram histórias parecidas, de pessoas luminosas que passam em nossas vidas, transformam tudo e nos abandonam rápido demais? Como se tivessem uma missão, deixando um rastro de luz. Que os céticos e os cínicos me perdoem, mas entendi, depois de muita pesquisa e rigor, como o Buchecha circunscreveu o Claudinho como um anjo. Eu acho que ele foi.”

Por fim, há essa química entre Lucas Penteado e Juan Paiva, amigos na vida real, que conseguem passar a camaradagem para as telas - e são o principal acerto do filme. Na entrevista ao Estadão, os dois deixam claro como conseguem se ver nessa história.

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“Eu tenho um Claudinho na minha vida e que tá sentado aqui do meu lado”, diz Lucas sobre Juan. “E qual é a fita? Por que ele é o Claudinho da minha vida? Claudinho e Buchecha se conheceram cedo. A gente não se conhece de criança, mas diretamente no trabalho. Quando chego na Globo para fazer Malhação: Viva a Diferença, chego moleque, todo feliz, sonhando em chegar naquele lugar. Mas é um desconhecido. Ele me colocou no eixo”.

Juan diz que não é bem assim - que não teve um papo tão intelectual, mas que realmente conversaram e, até hoje, se entendem. “A gente teve uma troca muito bacana. Ele tem uma energia que eu admiro pra caramba”, diz o ator. “Foi mais um bate-papo que rola até hoje. Isso ajuda a construir a nossa amizade e transparece no filme. É mais um detalhe. É consequência do que a gente já vem construindo e vivenciando juntos”.

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