Notou que as salas de cinema não enchem mais como antes da pandemia? Entenda o novo cenário

Público do 1ºsemestre de 2023 ainda é 37% mais baixo do que o de 2019. Salas têm, em média, 12 pessoas a menos. Streaming e hábito pós-pandemia podem ser causas, mas melhora é possível

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Por Geovana Melo
Atualização:

Quem vai ao cinema após o fim das restrições por conta da pandemia de covid-19 pode ter notado: as salas voltaram ser frequentadas, mas não parecem tão cheias quanto antes do lockdown. Os números do primeiro semestre de 2023 comprovam essa impressão. O público retornou, mas com menos peso.

Em ano de lançamentos esperados pelo público, como Velozes & Furiosos 10, Avatar e A pequena sereia, a presença nos cinemas brasileiros não voltou a ser a mesma que era antes da pandemia.


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Em 2023, pelo menos 48 milhões de ingressos foram vendidos em salas comerciais no Brasil até o dia 4 de junho. No mesmo período de 2019, ano anterior à crise de covid-19, foram 77 milhões de ingressos vendidos. Os dados são da Ancine (Agência Nacional do Cinema).

O número de espectadores registrados até junho deste ano é cerca de 22% maior que no mesmo período de 2022, mas ainda 37% abaixo do alcançado em 2019. Atualmente, uma sala de cinema tem em média 30 pessoas por sessão. Em 2019, eram 42 espectadores.

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Atualmente, também há uma menor quantidade de obras audiovisuais exibidas no Brasil. São 64 títulos a menos do que o registrado em 2019. Segundo especialistas, a baixa procura do público pelas salas de cinema pode estar relacionada com a pandemia e com como o streaming passou a estar presente na vida dos espectadores.

Sala 1 do cinema do Reserva Cultural na Av. Paulista, 900 em São Paulo - FOTO DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO Foto: Daniel Teixeira/Estadão


Por que não voltou da mesma forma?

Pessoas do mercado citam como principais motivos para que o antigo patamar não tenha sido alcançado:

  • a perda do hábito de ir ao cinema durante a pandemia;
  • a expectativa de os filmes estrearem logo em streaming.

Para a produtora cinematográfica Bianca de Felippes, da Gávea Filmes, “o público se acostumou” a ver produções audiovisuais em casa. Há também a facilidade dos mesmos filmes que estão sendo vistos nas telonas sejam assistidos pouco tempo depois pelas plataformas digitais.

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“Acho que as pessoas ainda não voltaram a ter o prazer de sentar numa sala escura e ver o filme, que não é substituído pelo streaming. Acho que vai voltar, mas está difícil. Está demorando mais do que a gente achava. O que está acontecendo é um reflexo dos três anos que a gente ficou dentro de casa. Acho que a gente tem que continuar produzindo e fazendo filmes”, relata a produtora.

A menor procura também pode ser explicada pela alta de 21% no preço médio dos ingressos, segundo dados da Ancine. “Os custos de cinema no Brasil não são baixos e o brasileiro médio sofre para colocar isso em seu orçamento mensal”, pontua Alan Ceppini, chefe de estratégia do grupo de comunicação Alpes.

O drama vai passar ou ficar?

Segundo o executivo, hoje em dia, todas as telas são concorrentes, seja a TV aberta, seja o streaming, seja o cinema. Para ele, a estratégia está no conteúdo e “não mais em qual plataforma estará o comunicador”.

Apesar das salas de cinemas não voltarem ao patamar pré-pandêmico, o cenário já está melhor do que o visto durante a crise, quando cinemas não podiam funcionar e salas foram fechadas.

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“Na verdade, o público voltou às salas de cinema. Acompanhando a bilheteria dos anos de 2020 e 2021 vemos grandes blockbusters fazendo milhões de espectadores. O que eu vejo é que as salas perderam um pouco a força”, afirma o produtor audiovisual e pesquisador pela Universidade Federal de Sergipe, Adhemar Lage.

Mesmo com as dificuldades citadas, segundo a Ancine, os dados permitem ser otimistas. “O número de sessões programadas por semana vem se recuperando e hoje é apenas 11% inferior a 2019. Da mesma forma, o parque exibidor volta a ter mais de 3.000 salas em atividade”, diz a entidade, em nota.

Público em salas de cinema no Brasil (ano completo)

  • 2019 - 173 milhões
  • 2020 - 39 milhões
  • 2021 - 52 milhões
  • 2022 - 95 milhões

Filmes mais vistos em 2023 até junho

  1. Super Mario Bros. - O filme (Público: 6.336.260)
  2. O Gato de Botas 2: O último pedido (Público: 5.211.037)
  3. Velozes & Furiosos 10 (Público: 5.001.875)
  4. Avatar: O caminho da água (Público: 4.850.603)
  5. Guardiões da Galáxia Vol 3 (Público: 4.006.987)

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