Apostando no caos, Taika Waititi e seu Thor: Ragnarok foram uma lufada de ar fresco na fórmula Marvel de fazer cinema. Pois em Thor: Amor e Trovão, que chega nesta quinta, 7, aos cinemas, ele volta com a mesma energia: tudo em todo lugar ao mesmo tempo, para o bem e para o mal – e com um pouco mais de ambição. Thor (Chris Hemsworth) começa o filme atuando com os Guardiões da Galáxia, para certo desespero deles. Mas logo ele está de volta à Nova Asgard, o refúgio encontrado pelo seu povo depois da destruição de seu planeta. No comando do agora destino turístico está Rei Valquíria (Tessa Thompson). “Ser rei não é exatamente o que Valquíria esperava”, disse a atriz ao Estadão, por videoconferência. “Ela passou sua vida inteira, milênios, defendendo seu povo no campo de batalha. E quer continuar assim – só não previa que haveria tantas reuniões e tanta papelada. Está se coçando por mais agitação. O bom é que ela encontra – porque, para quem está procurando ação, não há lugar melhor que um filme da Marvel!”.
No caso, a ação é provocada por Gorr, o Carniceiro dos Deuses (Christian Bale), um vilão cujo plano é matar todos os deuses. Por quê? Porque ele, antes um homem comum, pobre e devoto, perdeu a filha para a seca e descobriu que os deuses simplesmente não ligavam para sua dor. “Um dos prazeres de um bom vilão é você se divertir com ele. Nesse caso, é mais complexo, você chega a torcer por ele, porque Gorr não está errado”, disse Thompson. “É o mesmo quando depositamos nossa esperança em certas pessoas, as colocamos em um pedestal, e elas nos desapontam quando mais precisamos.” O amor de Gorr pela filha se transforma em ódio pelos deuses. E é um antigo amor de Thor que vai estar ao seu lado e de Valquíria na sua luta: Jane Foster, a cientista brilhante que rompeu o relacionamento e provocou uma depressão no deus nórdico, agora é a Poderosa Thor, conseguindo manejar o martelo Mjolnir. Mas Jane esconde um segredo.
Para Tessa Thompson, foi ótimo lutar ao lado de outra mulher. “Eu espero que um dia isso seja tão normal que não precisemos mais falar a respeito. Ninguém pergunta a nenhum dos Chris como é estar num filme com tantos homens”, diz a atriz. “Mas, enquanto isso não acontece, foi muito legal ter uma irmã de armas. Até porque a Natalie Portmané minha amiga, e passamos muito tempo buscando a representatividade na nossa indústria. Na verdade, estamos acostumadas a lutar juntas, só que não usamos capas e não tem tanta comida boa de graça. Mas em ambos os contextos é importante.”
O retorno de Jane Foster faz Thor crescer e colocar o amor acima de tudo. Logo no começo, Peter Quill (Chris Pratt) diz a ele que é melhor sofrer tendo amado do que não passar pela experiência. E, para Tessa Thompson, a maior ideia por trás de Thor: Amor e Trovão é o poder curativo e transformador do amor. “Pode parecer um pouco brega e dá um pouco de vergonha falar disso, pois vivemos em uma época cada vez mais cínica”, disse a atriz. “Mas realmente acredito que a única coisa que nos transformará e curará é o amor radical. Inclusive amar quem e o que não compreendemos. Precisamos muito disso, especialmente agora.”
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