Após se tornar um fenômeno global em 2011 com Intocáveis, filme que ultrapassou a barreira de US$ 400 milhões de bilheteria, o francês Omar Sy não parou mais. Esteve em filmes de heróis (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido), dramas fantásticos (A Espuma dos Dias), grandes franquias (Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros) e até em séries de sucesso da Netflix (Lupin). Agora, chega aos filmes de guerra com Herói de Sangue, longa francês que é uma das atrações do Festival Filmelier no Cinema, que até 10 de maio exibirá 20 filmes franceses em 30 cidades do País.
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Dirigido por Mathieu Vadepied, diretor de arte de Intocáveis, Herói de Sangue conta a história de um senegalês (Sy) que faz de tudo para salvar o filho (Alassane Diong) de 17 anos, recrutado à força para lutar pelos franceses na Primeira Guerra Mundial. Para isso, esse pai chegará aos limites dessa situação e, contrariando expectativas, vai se alistar para lutar ao lado do garoto e evitar que o pior aconteça. É uma história de ficção, mas que fala de algo real: os tirailleurs (atiradores), soldados senegaleses forçados a ir à guerra pela França.
“O tirailleur é um fato histórico não conhecido na França. Mas o filme também é uma espécie de tributo a eles, pelo que fizeram, pelo que lutaram”, explica Sy, sobre a importância da produção, em mesa-redonda com participação do Estadão.
Produtor
O astro, aliás, não apenas é creditado como o protagonista do longa, ao lado do talentoso Alassane Diong, mas também como produtor - seu segundo crédito nessa área, depois de Jornada da Vida. Para ele, porém, tudo continua igual como experiência no set de gravação. “É a mesma relação com o projeto. Afinal, agora, todos os projetos em que estou envolvido partem do começo, da ideia, da ponte. Então é só seguir algo do início. Muitos dos meus projetos são assim, estou envolvido desde os primeiros passos”, explica. E o que você quer que as pessoas tirem do filme? “Quero que as pessoas se emocionem. Quero que aprendam sobre tirailleurs, sabendo que estavam aqui e lutaram pela França.”
Ainda que seja essencialmente um filme de guerra, sobre a história desses soldados senegaleses, Herói de Sangue é, essencialmente, um filme sobre família. Sobre um pai defendendo o filho nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial e que não pensa duas vezes antes de, talvez, entregar sua própria vida para salvar a do garoto.
Família
No entanto, a essência da família está ainda mais forte neste filme, para Omar Sy, por uma série de motivos. Primeiramente, ele é pai de cinco filhos e, sem dúvidas, leva um pouco dessa experiência para a tela. “Estou conectado com a história de duas formas, porque eu sou um pai, mas também um filho. Então, claro, tudo isso traz experiências que você pode repassar ao seu personagem”, contextualiza Omar Sy, compartilhando a sua experiência.
Além disso, Alassane Diong, além de ator francês talentoso da nova geração, também é sobrinho de Omar Sy. Isso, é claro, amplifica ainda mais a conexão entre os dois atores em cena. Mas a coisa vai além quando falamos sobre o idioma usado em Herói de Sangue: além do francês, os dois personagens falam principalmente a língua fula, um dos vários idiomas do Senegal - país africano em que parte da família de Omar mora.
“Quando estou atuando em francês, uso muitas palavras e sou uma pessoa que fala muito. E, para esse personagem, foram apenas algumas palavras e muito silêncio”, confessa. “Então, eu acho que atuar em fula, que é a língua que eu falo, me ajudou nisso. E também, por usar a língua fula apenas em casa, para falar com meus pais, meus irmãos e toda a minha família, é como se fosse uma parte escondida de mim, sabe? Então, ter tudo isso na tela me fez um pouco especial, porque eu acho que é algo que eu nunca mostrei antes.”