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Oscar 2023: Andrea Riseborough também não acredita que foi indicada a melhor atriz

Britânica, alvo de indicação que causou polêmica, concorre com Cate Blanchett, Michelle Williams, Michelle Yeoh e Ana de Armas

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Por Sarah Bahr
Atualização:


Foto: Maja Smiejkowska/ Reuters
Entrevista comAndrea RiseboroughAtriz

THE NEW YORK TIMES - Foi o parceiro de Andrea Riseborough, com os olhos marejados, que a alertou sobre a notícia: ela havia sido indicada ao seu primeiro Oscar, de melhor atriz, por sua atuação como uma problemática vencedora da loteria no filme independente de micro-orçamento To Leslie.

“É meio surreal”, disse Riseborough, 41. Ela competirá ao lado de nomes conhecidos como Cate Blanchett (Tár), Michelle Williams (Os Fabelmans), Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar ao mesmo Tempo) e Ana de Armas (Blonde). “Há uma grande parte de mim que é realmente incapaz de aceitar que isso aconteceu.”

O filme, que de acordo com o BoxOfficeMojo arrecadou apenas US$ 27.322 após um lançamento limitado em outubro, não foi visto por quase ninguém - com exceção de alguns dos amigos muito famosos de Riseborough.


A atriz Andrea Riseborough concorre ao Oscar 2023 Foto: Jordan Strauss/Invision/AP


Dezenas de atores, incluindo Gwyneth Paltrow, Edward Norton e Sarah Paulson, usaram as redes sociais nas últimas semanas para alardear seu apoio entusiasmado à atuação de Riseborough - assim que a votação para as indicações ao Oscar começou.

“Andrea deveria ganhar todos os prêmios que existem e todos os que ainda não foram inventados”, Paltrow escreveu em uma foto dela no Instagram com Riseborough, o diretor do filme, Michael Morris (Better Call Saul) e Demi Moore, após uma exibição em 11 de janeiro.

Norton (Glass Onion: Um Mistério Knives Out) escreveu no Instagram que a interpretação de Riseborough “me deixou desorientado”.


Andrea Riseborough em cena do filme 'To Leslie' Foto: Momentum Pictures


“É sobre a atuação mais comprometida, emocionalmente profunda e fisicamente angustiante que já vi em muito tempo”, ele escreveu sobre a performance da atriz como uma mãe alcoólatra e manipuladora no oeste do Texas.

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Blanchett até usou seu discurso de aceitação no Critics Choice Awards para chamar a atenção para a atuação de Riseborough. “É arbitrário, considerando quantas mulheres fizeram atuações extraordinárias, não apenas nesta sala”, ela disse. “Andrea Riseborough, Tang Wei, Penélope Cruz, a lista vai longe.”

Os críticos também elogiaram o filme, que tem uma classificação de 98% no Rotten Tomatoes, embora tenha sido amplamente ignorado em cerimônias de premiação como o Globo de Ouro e o Critics Choice Awards. Escrevendo sobre o filme para o The New York Times, Beandrea July afirmou que Riseborough “tem uma atuação hábil” no filme, que ela chamou de “estudo de personagem enganosamente simples, mas de partir o coração”. (Foi a estreia de Morris na direção de um longa-metragem.)



“A coisa mais emocionante sobre este momento é que muito mais pessoas vão ver este filme”, disse Riseborough, que é conhecida por seu trabalho camaleônico em Birdman e W.E. – O Romance do Século.

Em uma conversa por telefone de Londres, onde ela está filmando a minissérie da HBO The Palace, uma sátira política sobre um ano em um regime autoritário em declínio, a atriz britânica discutiu a onda de apoio de seus amigos famosos, o que a atraiu no papel e a atuação de outro ator que a comoveu este ano. Aqui estão trechos da conversa.

Parabéns! Você estava assistindo as indicações?

Minha outra metade, Karim [Saleh], estava assistindo - tento não pensar muito sobre isso, se é que você me entende. E então ele viu na tela e começou a chorar.

Você tinha expectativa de ser indicada?

De jeito nenhum. Mesmo que haja apoio para um filme ou atuação, é muito difícil até mesmo compreender ser incluído na conversa quando você não faz parte das outras conversas - o Critics Choice Awards e o SAG - aquelas que todos celebramos e pelas quais buscamos nos direcionar.

Como tem sido ver tantos de seus amigos apoiarem o filme?

O mais empolgante é ser reconhecida por sua comunidade. É um indicador pelo qual nos medimos de muitas maneiras - aqueles que desejamos parecer ou aqueles que admiramos. Então é enorme. Uma sensação maravilhosa e calorosa por ser apoiada e reconhecida.

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Como você se envolveu com o filme?

Michael Morris, o diretor, e eu trabalhamos juntos em Bloodline, e alguns anos depois ele trouxe esse roteiro para mim, de Ryan Binaco, um jovem e brilhante roteirista que escreveu uma canção de amor para sua mãe. Imediatamente eu soube que queria fazer aquele filme e, dois anos depois, nós o fizemos - depois de um bom e longo período de espera por não conseguir financiamento. Filmamos em 19 dias e foram apenas uma ou duas tomadas, principalmente, porque não tínhamos muito tempo. Quando começamos a fazê-lo, parecia uma explosão, porque estava dentro da gente há muito tempo.

O que te atraiu no papel?

Uma personagem como Leslie, uma vez que ela entra em você, você não consegue se livrar dela. Todos nós já estivemos na órbita de uma Leslie, ou sentimos que nos identificamos com ela e com a maneira como ela decepciona aqueles que ama continuamente. Então ela é uma personagem bastante grande para entrar em sua consciência, para todos nós - não quero dizer apenas para interpretá-la, mas para todos no filme, elenco e equipe.

Ela é identificável, mesmo quando está fazendo coisas terríveis.

Quando li o roteiro, não senti que ele estava me dizendo como eu deveria me sentir sobre a personagem ou se deveria julgá-la. Quando falo com pessoas que não assistiram ao filme, elas podem se identificar com ela, mesmo que ela esteja decepcionando a si mesma e às pessoas que ama de muitas maneiras.

Tantas pessoas têm falado sobre este filme ultimamente. Existem outros filmes ou atuações do ano passado que a emocionaram especialmente?

Eu realmente amei John Douglas Thompson em Till - A Busca por Justiça. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES


O mais empolgante é ser reconhecida por sua comunidade

Andrea Riseborough

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