"Pirataria também é problema social", diz Cacá Diegues

No Rio, combate à prática é tema de debate que teve Diler Trindade e Luiz Carlos Barreto

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Por Agencia Estado
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Como combater a pirataria no audiovisual? Barateando o DVD oficial ou reprimindo a venda do não licenciado até com punição de quem compra? A discussão esquentou a manhã de segunda-feira no Festival do Rio. O produtor Luiz Carlos Barreto ("O Casamento de Romeu e Julieta" e "Sonhos e Desejos") defende a primeira estratégia. Diler Trindade (dos filmes de Xuxa e dos Trapalhões) escolhe o caminho radical. Ambos concordam com a produtora Walkiria Barbosa (de "Sexo, Amor e Traição", "Se Eu Fosse Você" e do festival): a pirataria emperra o setor e diminui a capacidade de investimento dos empresários. O representante da Motion Pictures Association, Márcio Gonçalves, trouxe números. Em 2005, a pirataria comeu 38% do lucro da indústria em todo o mundo. Foram US$ 23,4 bilhões (R$ 52 bilhões) para os oficiais e US$ 9 bilhões para os piratas. Nos Estados Unidos, o prejuízo foi de 21% (US$ 1,3 bilhão para os piratas e US$ 6,1 bilhões para a indústria) e no Brasil, em 23% (US$ 102 milhões dos piratas e US$ 439 milhões da indústria) "O problema no Brasil é a falta de punição", ressaltou Gonçalves, lembrando no entanto, que a punição não acabou com a prática nos EUA e Europa. "Se há consumo, há venda. Devemos penalizar o consumidor", propôs Diler Trindade. "Quem compra pirata lesa a pátria e outros cidadãos. Não paga impostos nem direito autoral. " Walkiria tomou providências práticas. "´Se Eu Fosse Você´ foi pirateado em algum ponto entre a produção e a exibição. O próximo, ´Dois Dedos de Água e muito Gelo´ tem um código que identifica quem faz cópia não autorizada", avisou. "Como empresária, quero identificar e ver presas pessoas que prejudicam nossa atividade." O diretor Cacá Diegues não foi porque havia mostrado o documentário "Nenhum Motivo Explica a Guerra", sobre o AfroReggae, na noite de domingo. Mas falou à Agência Estado. "Sou contra a pirataria, mas absolutamente contra prender o consumidor. É como prender o drogado, coisa que a Justiça brasileira já descartou", explicou. "Pirataria também é problema social. Só compra pirata quem não tem dinheiro para o cinema ou para o DVD oficial. A solução é criar salas populares ou DVDs mais simples e baratos." Desde "Orfeu", ele exibe seus filmes em favela como estratégia de lançamento. "O público dialoga com o filme e eu fico certo de que, se pudessem, todos iriam mais ao cinema", lembrou. "A audiência, na Globo, de ´O Homem Que Copiava´ (41 pontos) e ´Deus É Brasileiro´ (39 pontos) é uma prova. Ou seja, com o preço do ingresso, eles vêm o filme brasileiro no DVD pirata ou na Globo."

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