AFP - O cinema espanhol reúne-se neste sábado, 10, em Valladolid para a sua grande gala anual dos Prêmios Goya, com as atenções divididas entre a boa colheita e as acusações de violência sexual no sindicato.
O espetacular A Sociedade da Neve, de Juan Antonio Bayona, e o mais intimista 20.000 espécies de abelhas, de Estíbaliz Urresola, com 13 e 15 indicações respectivamente, são os principais concorrentes.
Os outros candidatos ao Goya de melhor filme são Saben Aquell de David Trueba, Un amor de Isabel Coixet e Fechar os Olhos de Víctor Erice, completando uma lista notável em termos de qualidade cinematográfica.
Além disso, a gala contará com a presença da grande atriz americana Sigourney Weaver, que receberá pessoalmente um Goya honorário.
Um ‘Me Too’ espanhol
No entanto, os dias que antecederam a gala na histórica cidade castelhana foram monopolizados por denúncias de abusos sexuais contra dois diretores, Carlos Vermut – Concha de Ouro no Festival de San Sebastián em 2014 – e o menos conhecido Armando Ravelo.
Isso provocou um momento de catarse que tem sido comparado ao “Me Too”, o movimento que surgiu nos Estados Unidos em 2017 para protestar contra as agressões sexuais, após as denúncias contra o produtor Harvey Weinstein, que acabou por levá-lo à prisão por estupro.
Sigourney Weaver falou sobre o assunto na sexta-feira, em conferência de imprensa, na qual estimou que as mulheres que denunciam estas situações tornam “o trabalho nesta indústria mais seguro para todas”.
As denúncias contra Vermut e Ravelo levaram o ministro da Cultura espanhol, Ernest Urtasun, a admitir na sexta-feira, na rede televisiva La Sexta, que existe “um grave problema de agressões sexuais e violência sexual também no mundo da cultura”.
Por esta razão, o seu ministério anunciou a criação de uma unidade de atendimento às vítimas destes crimes na indústria cultural.
Da mesma forma, o Ministério da Igualdade anunciou a elaboração de um relatório que servirá de raio-x da violência sexual no cinema.
O tema merecerá, sem dúvida, comentários no tapete vermelho, e a organizadora dos prêmios, a Academia Espanhola de Cinema, prometeu dar visibilidade à “exigência de que a violência sexual e os abusos de poder não tenham lugar no mundo do cinema”.
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