O cientista mineiro Arthur Abrantes esteve bem próximo de ganhar o prêmio máximo do quadro Quem Quer Ser Um Milionário, no Domingão com Huck, neste domingo, 5. Arthur chegou à pergunta que vale R$ 1 milhão, mas o mito da fundação de Roma o fez perder a chance de ser um milionário.
No jogo, o mineiro tinha que acertar quais cidades, dentre as opções expostas pelo programa, foram fundadas no dia 21 de abril. Todas incluíam Brasília, mas Arthur logo descartou a opção que o levaria ao R$ 1 milhão: “Eu não jogaria Roma, porque Roma vem do império romano. Você afirmar que foi 21 de abril, um negócio que está aí há mais de 2 mil anos, eu acho difícil.”
De fato, a data da fundação é incerta, mas a História se baseia em um mito romano para fixá-la. Segundo a tradição, a cidade foi fundada no dia 21 de abril de 753 a.C., data em que Remo foi assassinado pelo próprio irmão, Rômulo, que se tornaria o primeiro rei de Roma. Os dois teriam se desentendido em relação ao local em que fundariam a nova cidade, o que provocou a morte.
O mito dos irmãos Rômulo e Remo é parte essencial da História do império romano, considerado a maior civilização ocidental, e permanecem no imaginário da cidade. Conforme a lenda, os gêmeos teriam sido adotados e alimentados por uma loba, chamada Capitolina, que possui até uma famosa estátua em bronze.
A lenda ganhou até um filme recentemente. Em 2019, o cineasta italiano Matteo Rovere lançou Il Primo Re (O Primeiro Rei) como um retrato “fiel” à fundação de Roma. O longa fugiu de uma visão “romantizada” da fundação da cidade para representar uma realidade violenta e arcaica.
O Primeiro Rei usa latim arcaico para contar história da fundação de Roma
Matteo escolheu ser realista na trama que retrata a fundação de Roma até na língua escolhida para o filme. Com a ajuda de um grupo de filólogos e semiólogos da Universidade da Sapienza, o longa foi gravado em latim arcaico – um latim que difere do litúrgico ou do que ainda se ensina nas escolas.
Para isso, os estudiosos usaram uma ideia básica do latim “protoromano”, além de fontes encontradas em objetos históricos. Para preencher lacunas no roteiro, eles também recorreram ao indo-europeu.
Mostrando a luta entre tribos da região do Rio Tibre, o filme usa a luz natural da região do Lácio. O cineasta também teve a ajuda de especialistas da Universidade Tor Vergata para criar uma reconstrução histórica dos costumes e formas de vida dos povos pré-romanos.
A trama mostra o profundo sentimento religioso de moradores da região, rituais funerários, técnicas de guerra e de caça, além das cidades em que viviam. “O trabalho dos arqueólogos nos devolveu um mundo arcaico a que não estamos acostumados a ver nos filmes tradicionais, que expõem um passado limpo, com atores com os dentes brancos e recém-saídos do cabeleireiro”, detalhou o diretor em entrevista à Agência Efe à época.
O Primeiro Rei ganhou uma pontuação de 6,5 nas avaliações no IMDb, não chegou a serviços de streaming e não tem distribuição atual no Brasil, mas está disponível na íntegra no YouTube. Assista abaixo:
*Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais
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