Quase 50 anos depois que Sacheen Littlefeather subiu ao palco do Oscar em nome de Marlon Brando para falar sobre a representação dos nativos americanos nos filmes de Hollywood, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas pediu desculpas a ela pelo abuso que sofreu.
O Museu da Academia disse na segunda-feira, 15, que vai receber Littlefeather, agora com 75 anos, para uma noite de "conversa, cura e celebração" em 17 de setembro.
Quando Marlon Brando ganhou o prêmio de melhor ator por O Poderoso Chefão, Littlefeather, usando vestido de camurça e mocassins, subiu ao palco, tornando-se a primeira mulher nativa americana a fazê-lo no Oscar. Ela rejeitou a estatueta das mãos dos apresentadores Roger Moore e Liv Ullman, visivelmente constrangidos.
Em um discurso de 60 segundos, ela explicou que Brando não poderia aceitar o prêmio devido ao "tratamento dado aos indígenas americanos pela indústria cinematográfica". Alguns na plateia a vaiaram. John Wayne, que estava nos bastidores na época e era conhecido pelos filmes de faroeste, ficou furioso.
O Oscar de 1973 foi realizado na mesma época em que aconteceu a ocupação do Movimento Indígena Americano que durou dois meses, em Wounded Knee, em Dakota do Sul. Nos anos seguintes, Littlefeather disse que foi ridicularizada, discriminada e atacada pessoalmente por sua breve aparição no Oscar.
Ao fazer o anúncio, o Museu da Academia compartilhou uma carta enviada em 18 de junho a Littlefeather por David Rubin, presidente da academia, sobre aquele icônico momento do Oscar.
Rubin chamou o discurso de Littlefeather de "uma declaração poderosa que continua a nos lembrar da necessidade do respeito e da importância da dignidade humana".
"O abuso que você sofreu por causa dessa declaração foi injustificado", escreveu Rubin. “O fardo emocional que você viveu e o custo para sua própria carreira em nossa indústria são irreparáveis. Por muito tempo, a coragem que você mostrou não foi reconhecida. Por isso, oferecemos nossas mais profundas desculpas e nossa sincera admiração.''
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