Em tempos de Mostra, cessa temporariamente o fluxo de 12, 15 e até 17 lançamentos que tem sido a norma das últimas semanas. Distribuidores e exibidores sabem que, desta quinta, 17, até 30, o público poderá escolher entre 300 títulos – produções de todo o mundo, 60 do Brasil – e respeitam o maior evento de cinema da cidade, atualmente, também do Brasil.
Entram somente seis novos filmes, dois com passagem prévia pela 8 ½ Festa do Cinema Italiano (Desafio de Um Campeão e Euforia), um suspense espanhol multipremiado em todo o mundo (O Enigma da Rosa), mas, claro, há que ressaltar que Angelina Jolie está chegando. Quem viu Malévola em 2014, lembra-se de como ela estava bela vestindo, toda de preto, lábios bem vermelhos, o figurino da malvada. Cinco anos depois, no 2, o subtítulo – Dona do Mal – é enganoso porque Angelina, mesmo mantendo o preto das roupas, tem amor por Aurora no coração. Prepare-se – um filme em que a verdadeira vilã só se veste de branco só pode oferecer surpresas. Embora recebido a pancadas pela crítica dos EUA – as primeiras resenhas pontuam menos de 50% no site Rotten Tomatoes -, Dona do Mal tem atrativos. Ora, se tem. E o maior deles é: Angelina.
Desafio de Um Campeão
Dir. de Leonardo D'Agostini, com Stefano Accorsi, Marco Carpezano.
Longa exibido na recente 8 ½ do cinema Italiano. Difícil não ver similaridades com o uruguaio Meu Mundial, que teve lançamento recente. Um jovem jogador começa a ter problemas dentro e fora de campo. O clube contrata um professor para tentar estruturá-lo. Cria-se uma bela relação de amizade entre Carpezano e Accorsi (o mestre). Não sendo propriamente original, o filme compensa com interpretação, realização – bem bom.
O Enigma da Rosa
Dir. de Josué Ramos, com Patricia Olmedo, Elisabet Gelabert, Pedro Casablanc, Eva Llorach.
Suspense espanhol sobre casal cuja filha desaparece. O tempo passa e chega uma carta – a garota foi sequestrada. O sequestrador pede uma reunião com o pai, a mãe e o irmão e exige que confessem – o quê? Vencedor de 30 prêmios internacionais, incluindo melhor filme no Festival de Madrid.
Euforia
Dir. De Valeria Golino, com Marco Scamarcio, Valerio Mastandrea.
Outra atração da recente 8 ½ Festa do Cinema Italiano, o longa da atriz e diretora Valerio Golino aborda relações familiares. Dois irmãos em tudo diferentes, mas um, Mastandrea, está com a saúde debilitada e tem de se instalar na casa de Scamarcio. Esse último foi marido de Valeria. O casamento acabou, mas a ligação artística segue forte. Ao Estado, ela declarou: “É minha alma gêmea”. Qual dos irmãos precisa mais de ajuda? Aparentemente, o enfermo. Mas o outro é drogado, e está no limite. A própria diretora reconhece – é um filme de atores. E os dois estão muito bem.
A Luz no Fim do Mundo
Dir. e interpretação de Casey Affleck, com Anna Pniowsky, Elisabeth Moss, Tom Bower.
A cena inicial, de quase dez minutos, dá o tom. Garota pede ao pai que lhe conte uma história e ele a enrola com um pastiche de várias que demoram para fazer algum sentido. Após o Oscar de melhor ator por Manchester à Beira-Mar, o irmão mais talentoso de Ben Affleck dirige e interpreta a trama sobre pai que, num mundo futurista e distópico, tenta proteger a filha. Uma praga acabou com as mulheres, e ele disfarça o gênero da garota. Conseguirá? Um filme falado, com mais diálogos que ação, mas uma cena explosiva de violência prova que Casey tem pulso.
Malévola – Dona do Mal
Dir. de Joachim Ronning, com Angelina Jolie, Michelle Pfeiffer, Elle Fanning, Harris Dickinson.
O casamento de Aurora coloca a garota e sua 'madrinha' em campos conflitantes. Resistirá o afeto? Apesar do figurino preto de Angelina, como Malévola, a verdadeira vilã veste branco – e Michelle fica repetindo que este não é um conto de fadas. A subversão das cores tradicionais não é o menor dos charmes do relato do diretor norueguês Ronning. O primeiro filme foi um êxito planetário. O segundo é mais sombrio e até assustador, o que levanta a questão de ser ou não um programa infantil. Mas tem ação, humor, romance e muitos, muitos efeitos especiais.
Meu Nome É Daniel
Dir. de Daniel Gonçalves.
Documentário na primeira pessoa, em que o diretor, que sofre de uma doença rara nunca diagnosticada, reage à injustiça do mundo. Para todos coitadinhos, ele tenta provar que tadinho é... Olha o palavrão! Um filme confessional, corajoso.
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