Sombrio e claustrofóbico, 'O Iluminado' coloca nas telas o mais kubrickiano dos temas

Clássico do terror ganha reexibição nos cinemas nesta terça, 29, e sequência no dia 7 de novembro

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Véspera de Halloween – as bruxas andam soltas. Cuidado com os mortos-vivos dispostos a comer seu cérebro, mas ria com eles em Zumbilândia – Atire Duas Vezes, em exibição nas salas. Nelas também volta nesta terça, 29, o clássico O Iluminado. O autor do livro nunca gostou do filme de Stanley Kubrick, e até fez sua versão de The Shinning. Dane-se Stephen King, malgrado seus numerosos admiradores. Se é verdade que Kubrick sempre quis fazer a obra-prima definitiva de cada gênero em que trabalhou, conseguiu. O terror de O Iluminado é 10.

Cena do filme 'O Iluminado', de Stanley Kubrick Foto: Warner Bros

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O filme volta como parte de uma campanha de aquecimento muito bem orquestrada pela produtora e distribuidora Warner, que lança na semana que vem - em 7 de novembro – a sequência de O Iluminado. Doutor Sono passa-se 40 anos depois dos eventos descritos no filme e mostra o garoto, Danny, agora adulto (Ewan McGregor), de volta ao hotel em que teve de enfrentar o próprio pai enlouquecido para sobreviver. Rememorando – na trama de O Iluminado, Jack Nicholson, como Jack Torrance, leva a mulher, Wendy (Shelley Duvall) e o filho Danny (Danny Lloyd) para um hotel nas montanhas. O Overlook fica fechado no inverno, e Jack, contratado como caseiro, pretende aproveitar o período de isolamento para escrever um livro.

No imenso hotel deserto, coisas estranhas começam a ocorrer. Danny, o iluminado, começa a ter visões de assassinatos sangrentos que ocorreram no local. O Overlook é habitado por fantasmas? Andando de carrinho pelos corredores, e a câmera rente ao chão cria momentos alucinantes ao acompanhar o movimento, Danny tem visões como a das gêmeas. Quem são? Seu pai enlouquece, e o livro vira a repetição truncada da mesma frase. Nos corredores, ecoa o grito sinistro de Nicholson – 'Aquiiii está Johnny!” A mãe é a última a sucumbir aos clima estranho, mas consegue salvar-se (e ao filho).

O décor do hotel é impressionante e cheio de signos – detalhes – que remetem a organizações secretas como a maçonaria. Existe um documrentário, baseado na teoria da conspiração, que levanta a questão – é lenda urbana que Kubrick, no pós 2001, Uma Odisseia no Espaço, teria encenado para a Nasa a descida do homem na Lua e, depois, assombrado pelo segredo, tentara revelá-lo por meio de sua obra. Por bobagem que isso seja, faz parte da lenda kubrickiana. E o filme é grandioso – a cena da despensa, que evoca Alfred Hitchcock e o local em que Norman Bates (Anthony Perkins) escondia a 'mãe' em Psicose, o labirinto em que Jack caça o filho para matar. O Iluminado é sombrio, claustrofóbico. An experiment in fear, uma experiênbcia de medo (e terror). Toda essa fantasia coloca nas telas o mais kubrickiano dos temas – a dissolução da palavra como elo que une os homens. E levanta a questão preparatória para Doutor Sono – por que Danny, adulto, estará voltando ao sinistro Hotel Overlook?

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Stephen King nunca gostou das liberdades que Kubrick tomou com seu livro e, em 1997, colaborou com Mick Garris na produção que transformou O Iluminado em minissérie. Tomando o livro ao pé da letra, o projeto não teve nem de longe a repercussão da obra de Kubrick. Mas os admiradores do rei Stephen vão adorar saber que o terror do escritor e cineasta será tema de uma retrospectiva no CCBB, que acontece entre os dias 30 de outubro e 25 de novembro e reúne mais de 40 filmes inspirados na obra do autor.

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