AFP - Quando Shigeru Miyamoto criou o encanador que resgata a princesa há mais de quarenta anos, o futuro mascote da Nintendo não passava de um monte de pixels sem nome e sotaque italiano.
Porém, nesta quinta, 6, Mario, um dos personagens mais famosos na história dos videogames, estreia nos cinemas brasileiros como protagonista de Super Mario Bros - O Filme, nova animação do gigante Universal Pictures.
“Nem eu imaginava que Mario cresceria tanto”, disse Miyamoto à AFP.
A produção, que chega aos cinemas após adaptações bem-sucedidas de videogames como The Last Of Us, é a segunda tentativa de trazer Mario para a telona, depois do malsucedido filme com atores reais (live-action) de 1993.
Naquela época, a Nintendo cedeu a liberdade criativa aos produtores de Hollywood, que desenvolveram uma fantasia distópica ambientada no reino de um dinossauro.
Desta vez, a gigante japonesa tomou a frente. A Nintendo enviou o próprio Miyamoto para coproduzir o filme junto com Chris Meledandri, fundador do estúdio Illumination, que tem sucessos como Meu Malvado Favorito e o popular Minions em seu catálogo.
“Não queríamos apenas abrir mão dos direitos, queríamos participar”, explicou Miyamoto. “E nós conhecemos Chris. Nos deu confiança ter Chris e sua equipe trabalhando conosco.”
“Tive certeza de que tínhamos que participar”, disse Miyamoto, que afirma que foi a única maneira de incorporar com sucesso o verdadeiro espírito do videogame Nintendo ao filme.
O resultado é um filme de ação colorido para agradar o público infantil e provocar nostalgia nos fãs que cresceram com a Nintendo.
De acordo com Miyamoto, a ideia de fazer um filme surgiu de uma grande mudança estratégica adotada pela Nintendo há uma década para tornar seus jogos “mais focados no personagem”.
A “mudança de direção” também levou a Nintendo a abrir recentemente parques temáticos nas cidades de Osaka e Los Angeles, com a promessa de novas atrações.
Miyamoto, de 70 anos, que já foi considerado o Steven Spielberg dos videogames, teve que se ajustar ao seu novo papel como produtor de Hollywood.
“Eu vejo de tudo, mas nunca pensei que gostaria de fazer um filme”, disse ele.
Foram filmes como Os Caçadores da Arca Perdida, de Spielberg, que inspiraram seus videogames, incluindo o aclamado The Legend of Zelda.
Estrelas de Hollywood como Chris Pratt, Jack Black, Anya Taylor-Joy e Seth Rogen foram escaladas para dar voz aos famosos personagens da Nintendo. Mas o filme já gerou polêmica, principalmente por causa do sotaque de Mario.
Ao contrário do sotaque italiano que Mario tem nos videogames, muitos fãs ficaram surpresos no ano passado ao ouvir Pratt retratar o personagem com sotaque americano no trailer do ano passado.
A explicação para o suposto descuido está no enredo do filme e deve acalmar o ceticismo dos espectadores.
Pratt sugeriu que o sotaque de Mario (interpretado por Charles Martinet nos videogames) poderia ser uma distração em um longa-metragem.
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