‘Tô de Graça’ no cinema: ‘O popular é visto com maus olhos, mas é a ‘boquinha da garrafa’ que anima’

Rodrigo Sant’Anna fala sobre o novo filme, que estreia nos cinemas, tenta repetir o sucesso da série do Multishow e parece seguir os passos de ‘Minha Mãe é uma Peça’

PUBLICIDADE

Foto do author Matheus Mans
Atualização:

A série Tô de Graça estava na quarta temporada quando Rodrigo Sant’Anna percebeu que aquela história poderia virar um filme. “Foi quando a série começou a fazer sucesso e se tornar querida pelo público”, contextualiza o ator ao Estadão. Três anos se passaram e o desejo virou realidade: seis temporadas depois, Tô de Graça chega aos cinemas nesta quinta-feira, 27. Na mira, a repetição do sucesso que faz desde 2017 na tela do Multishow.

Rodrigo Sant'Anna interpreta Graça no longa que é um spinoff da série de comédia do Multishow. Foto: Helena Barreto/Divulgação

PUBLICIDADE

Tudo da série está ali: o clima de subúrbio do Rio; as piadas de Rodrigo Sant’Anna com o visual de sua personagem, Dona Graça; e a família extremamente numerosa, ajudando a criar situações diversas. O que muda é onde a série efetivamente se passa: na paradisíaca Búzios, no litoral fluminense. Uma das filhas (Roberta Rodrigues) vai pra lá, com um novo namorado, e a família quase completa decide ir atrás – mesmo não sendo convidada.

“Minha maior preocupação no início foi criar afinidade com personagens e histórias já tão apropriadas e conectadas com o público”, diz o diretor César Rodrigues, de Minha Mãe é uma Peça 2. “Esse foi meu maior desafio inicial: como interagir com o Rodrigo e com todo o elenco da Dona Graça, e pensar numa narrativa que se mantivesse bem amarrada.”

O elenco afirma que não teve muita dificuldade em mudar de mídia – já interpretaram esses personagens também no teatro, facilitando essa mudança de linguagem. No entanto, é interessante perceber como o timing é diferente: buscando integrar mais a família em um “ambiente estranho”, há mais imagens dos personagens reagindo, vivendo, se divertindo.

“Esses personagens foram criados para serem livres, com muita liberdade física e de comunicação. Então, sair de um ambiente fechado e ir para a rua, encontrar esse movimento sem perder a essência, foi um desafio importante”, continua o diretor. “Focamos em contar uma boa história, refletindo os desejos dos personagens e garantindo que tudo estivesse no momento certo para que nada se perdesse. A atuação muda muito no filme, mas a sinceridade dos personagens permanece.”

Publicidade

Um novo milhão?

Em 2024, dos três filmes brasileiros que bateram o número mágico de um milhão de espectadores, dois deles são comédias – Os Farofeiros 2 e Minha Irmã e Eu, com o drama Nosso Lar sendo o terceiro título. Há quem arrisque que Tô de Graça pode ser o quarto título da lista. É uma comédia, com um nome conhecido como protagonista e que resvala em outros filmes de sucesso no Brasil. Difícil não comparar Dona Graça e Dona Hermínia.

Rodrigo Sant’Anna evita prever algo, mas diz que a resposta do público, na rua, é positiva. “As pessoas me param e dizem que se identificam com os personagens. Sempre tem alguém que conhece uma tia, uma mãe, uma irmã parecida”, diz ele. “É uma família que tem um pouco de todas as famílias. Essa diversidade toda merece um lugar na sociedade, e fazemos isso com humor.”

Rodrigo também afasta qualquer preconceito com a comédia brasileira – afinal, é esse gênero que está fazendo o cinema nacional ganhar novo fôlego. “Infelizmente, na sociedade, tudo que é popular é visto com maus olhos. Parece que o popular está na base da pirâmide, e quem está no topo olha para baixo com desprezo”, diz o ator. “Mas, quando vamos a uma festa, é o popular que anima. É a ‘boquinha da garrafa’. É contraditório, mas nossa comédia passa por esse lugar de identificação e diversão”, finaliza.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.