‘Último Tango em Paris’: entenda polêmica que levou ao cancelamento de exibição do filme na França

Cinemateca Francesa recuou após enfrentar protestos por parte de grupos que criticam cena de violência sexual gravada sem consentimento da atriz Maria Schneider

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Por Redação AFP (AFP)
Atualização:

AFP - A Cinemateca Francesa (La Cinémathèque Française) anunciou neste sábado, 14, o cancelamento da exibição de Último Tango em Paris, filme que contém uma cena de abuso filmada sem o consentimento da atriz Maria Schneider, após protestos de várias associações feministas.

Maria Schneider e Marlon Brando em 'Último Tango em Paris' Foto: Cena do filme 'Último Tango em Paris'

“Para acalmar os ânimos, e tendo em conta os riscos de segurança, a Cinemateca Francesa cancelou a exibição de Último Tango em Paris, marcada para as 20h deste domingo”, informou a instituição na rede social X.

“A segurança do nosso público e da nossa equipe vem antes de quaisquer outros fatores”, acrescentou.

Qual a polêmica envolvendo Último Tango em Paris

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O filme de 1972 do diretor italiano Bernardo Bertolucci evoca a relação mórbida entre um viúvo norte-americano em visita a Paris e uma mulher muito jovem, interpretados por Marlon Brando e Maria Schneider.

Um dos destaques do filme é uma cena de sodomia não consensual. Essa cena simulada de estupro, que rendeu ao filme a ira do Vaticano, entrou para a história do cinema.

Mas, anos depois, tornou-se um símbolo de violência sexual na sétima arte, já que a cena foi filmada sem o consentimento ou conhecimento prévio da atriz, que na época era menor de idade.

Após a estreia do filme, a atriz relatou uma dupla violação, por parte do ator e também do diretor, que decidiram filmar a cena sem avisá-la.

A programação do filme é criticada há vários dias pela atriz Judith Godrèche, figura de destaque do movimento #MeToo na França, que lamentou a falta de respeito com a atriz, que morreu em 2011.

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Godrèche também lamentou o fato de que a exibição não incluiria o contexto sobre como a cena foi filmada.

O coletivo 50/50, que luta pela paridade na indústria cinematográfica, também foi à rede social X para pedir por “uma mediação reflexiva que respeite as palavras da vítima, a atriz Maria Schneider”.

O sindicato SFA-CGT, por sua vez, destacou que “gravar e transmitir um estupro continua a ser condenável”.

“Hoje sabemos. Não podemos fingir que não entendemos e não vemos o significado desta cena de estupro”, escreveu o sindicato.

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A Cinemateca Francesa anunciou na sexta-feira, 13, “um momento de troca de ideias com o público” “sobre as questões” levantadas pelo filme antes da exibição, mas neste sábado decidiu cancelar em definitivo a exibição.

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