‘Velozes & Furiosos 9’ tem personagens que ressuscitam e cenas loucas

“Para mim, eu tinha encerrado minha participação. Tinha sido uma grande experiência”, contou ao Estadão Sung Kang, ator que faz Han na franquia

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Por Mariana Morisawa

Velozes & Furiosos é a saga em que tudo pode acontecer. E, mesmo assim, poucas vezes esta máxima foi levada tão longe quanto em Velozes & Furiosos 9, que estreia no Brasil nesta quinta-feira, 24. O longa não tem medo de jogar para a plateia as cenas de ação mais absurdas, ressuscitar personagens queridos ou mesmo apresentar parentes nunca mencionados anteriormente. O filme chega com um ano de atraso por causa da pandemia e quatro anos após Velozes & Furiosos 8 ser a maior bilheteria de 2017 no País, batendo dois filmes da DC (Liga da Justiça e Mulher-Maravilha), vários da Marvel (Thor: Ragnarok, Homem-Aranha: De Volta ao Lar, Guardiões da Galáxia Vol. 2), A Bela e a Fera e Meu Malvado Favorito 3.

Nathalie Emmanuel (e) e Vin Diesel em cena de 'Velozes e Furiosos 9' Foto: Giles Keyte/EFE

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É uma película de retornos, a começar pelo diretor Justin Lin, que volta para seu quinto capítulo da saga depois de ficar de fora dos dois últimos. “Quando saí, achei que seria para sempre”, contou Lin em entrevista ao Estadão, por videoconferência. “Mas poder solidificar as origens de toda essa mitologia, 20 anos após o início da série, era empolgante demais para recusar.”  Lin sabe que, a cada filme, a franquia foi ficando cada vez maluca. E, por isso mesmo, o longa faz piadas com a invencibilidade desses personagens. “Achei que era legal refletir isso, porque o público comenta”, disse Lin. “E os filmes existem porque nossa comunidade cresceu, e os fãs participam ativamente. É algo de que tenho orgulho, porque não foi assim no início.” A franquia começou com uma bilheteria mundial de US$ 207 milhões (R$ 1 bilhão) e bateu US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) nos últimos dois capítulos. Foi uma campanha na internet chamada Justiça para Han que trouxe o ator Sung Kang de volta. “Como os fãs, eu tinha ficado chateado pela maneira como ele foi tratado”, disse Lin. “É um personagem de origem asiática que foi deixado de lado. E senti que, se era para eu voltar, isso teria de ser abordado. Então, o crédito vai 100% para os fãs por sua paixão.” Han tinha sido um personagem do segundo longa de Lin, Better Luck Tomorrow (2002), e foi trazido para a franquia no terceiro filme, Velozes & Furiosos: Desafio em Tóquio, que não contava com os personagens principais. Ele era morto, mas aparecia nos três filmes seguintes, que se passavam antes de Desafio em Tóquio, no qual ele morre. Numa cena nos créditos de Velozes & Furiosos 6, o espectador descobria que o responsável era Deckard Shaw (Jason Statham) que, depois disso, virou aliado da turma e ganhou até seu próprio filme derivado, ao lado do Hobbes de Dwayne Johnson. Daí a hashtag Justiça para Han. Agora Han está de volta, para surpresa do próprio Sung Kang. “Para mim, eu tinha encerrado minha participação. Tinha sido uma grande experiência”, contou o ator. “Mas, quando vi o movimento crescer na internet, percebi como Han era importante para os fãs. Fiquei lisonjeado.” O telefonema de Justin Lin foi como um convite de uma reunião com amigos para brincar no playground Velozes & Furiosos.  Outro retorno é o de um personagem que ninguém sabia que existia. O aliado da vilã Cipher (Charlize Theron) é Jakob Toretto (John Cena), que deseja vingança do irmão (Vin Diesel). Dom deixa sua vida de comercial de margarina com Letty (Michelle Rodriguez) e o pequeno Brian (Isaac e Immanuel Holtane) para combater Jakob. Ele é tão isolado da família que não chegou a ser citado nem pelo irmão nem pela irmã, Mia (Jordana Brewster). O trauma é antigo e envolve o pai dos três. “Eu topei na hora, mas fiquei um pouco preocupado por ser Jakob Toretto, um sobrenome que vem com muita expectativa e responsabilidade”, explicou John Cena ao Estadão

Fãs no Brasil

Quando o trailer saiu, o ator ficou mais tranquilo. “A reação dos fãs era: Ok, mas por quê? E a expectativa começou a aumentar.” John Cena elogiou o público de Velozes & Furiosos, citando os brasileiros. “Eles se interessam pela história dos personagens. Veja o que aconteceu com Han. Então, se conseguirmos encontrar uma maneira de reintroduzir ou introduzir personagens que garantam bom entretenimento, os fãs vão embarcar.”  A família formada por Dom e Brian (Paul Walker, morto em 2013, mas ainda, em teoria, vivo na série) sempre foi o epicentro. “Esse é o segredo de Velozes & Furiosos, porque sem isso poderia ser só mais um filme de ação”, disse Kang. Claro que os espectadores da saga esperam cenas malucas. Já teve carro pulando de prédio em prédio e os heróis sendo perseguidos por um submarino. Para esta nova aventura, Justin Lin foi procurar inspiração na ciência. Ao conhecer um acelerador de partículas em Hamburgo, ficou sabendo de uma tecnologia envolvendo ímãs. Conversou com cientistas da Nasa para saber quanto de combustível seria necessário para colocar um carro no espaço. “Foi como voltar para a escola, de forma muito divertida”, contou o diretor. Para John Cena, ver essas sequências suscita a pergunta: “Espera aí, isso é possível? Há um velho ditado na WWE (liga de luta) que diz: Eles acreditarão quando virem”. A única dúvida é como superar ímãs gigantes e a ida ao espaço nos próximos dois filmes, que já foram anunciados como os capítulos finais. Justin Lin vai dirigir ambos e confessa estar com um frio na barriga. “Tenho conversado com Vin Diesel sobre isso faz mais de dez anos e vou dar o meu máximo.”  Nathalie Emmanuel só tem um pedido a fazer: “Precisamos ir para o carnaval no Rio!”. Talvez esta seja uma ideia mais maluca do que ir para Marte. 

'Han representa o que se procura em um amigo', diz Sung Kang

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O ator Sung Kang conversou com o Estadão sobre sua volta à franquia Velozes & Furiosos.Por que Han faz tanto sucesso? Ele representa o que todos procuram em um amigo ou irmão mais velho, alguém que vai cuidar de você sem julgamentos. E ele é divertido de ter por perto, é sempre cool. É importante um personagem como esse, especialmente num momento de hostilidade contra pessoas de origem asiática? Sim. Não só por ser asiático, mas pelo o que ele representa: integridade, lealdade. Eu me sinto abençoado por interpretar um personagem que causa esse impacto.Para crianças e jovens, é bom ver alguém no cinema que se parece com eles, não? Sou apenas um ator. Mas eles me agradecem porque se sentem parte da comunidade. E isso é fundamental. As coisas estão mudando em Hollywood? Com certeza. Só de estarmos conversando abertamente já mostra que sim. Nas entrevistas anteriores sobre a franquia, não teríamos falado sobre isso. Claro que há muito trabalho a ser feito. Mas é um momento lindo, porque pela primeira vez estamos unidos. Nós, asiáticos, nunca participamos do diálogo. Estamos sempre de fora, porque somos considerados a minoria modelo. Estamos acostumados a ficar em silêncio. Mas temos problemas reais. Temos de compartilhar nossas experiências.

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