‘Vidente por Acidente’: Como uma palestra sobre vocação fez Otaviano Costa redescobrir a sua própria

Em entrevista, ator explica como criou a ideia do personagem que descobre a vocação das pessoas com apenas um toque

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Foto do author Matheus Mans

Otaviano Costa estava encerrando seu ciclo na TV Globo quando participou de uma palestra da antropóloga Mirian Goldenberg. Em certo momento, ela desenhou a letra “U” no meio da tela: os topos da letra, na mesma altura, eram os topos da vida, representando 15 anos e 75 anos. A base da letra é o “limbo” – os 45 anos. É quando a pessoa questiona os caminhos da vida e da profissão. “Que bom seria se Deus tocasse nos nossos ombros e dissesse nossa vocação”, disse ela. Foi aí que nasceu a ideia de Vidente por Acidente.

O filme, que chega aos cinemas nesta quinta, 18, é um daqueles projetos da vida de Otaviano: ele não só teve a ideia de toda a história, a partir desse “clique” na palestra de Mirian, como também faz o primeiro protagonista de sua carreira – isso já contando novelas, filmes e seriados. “No começo, eu só queria que realizassem esse projeto, o que já seria sonho o suficiente colocado em prática”, diz ele, em entrevista ao Estadão. “Quando fui chamado para ser protagonista do filme, foi muito emocionante. Fui surpreendido”.

Otaviano Costa é o protagonista do filme ‘Vidente por Acidente’. Foto: Laura Campanella/Divulgação

‘Vocação na hora ou seu dinheiro de volta’

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Na trama, Otaviano interpreta Ulisses – nome inspirado, claro, na tal letra “U” de Mirian Goldenberg. Ele é um arquiteto infeliz, trabalhando na empresa comandada pela própria mãe (Totia Meirelles), que se depara com uma trambiqueira (Katiuscia Canoro). Depois de ser furtado, ele acorda com um novo poder: descobrir a vocação das pessoas apenas pelo toque.

A partir daí, toda a sua vida vira de cabeça para baixo: ele passa a ter uma relação diferente com as pessoas ao seu redor, como a filha (Jamilly Mariano), e até alguns detratores, como um jornalista (Victor Lamoglia). “Aos 45 anos, na base do ‘U’, a pessoa faz perguntas sobre si mesmo. Sou feliz com o que eu faço, fiz o que desejava, sou feliz com minha profissão?”, explica Otaviano, sobre a ideia. “Entendi que tinha alguma coisa genial naquilo lá”.

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Otaviano Costa vive seu primeiro protagonista sob a condução leve e divertida do diretor Rodrigo Van Der Put (que acabou de lançar outro filme, Dois é Demais em Orlando). É um novo momento.

“Eu nunca tinha sido protagonista em nenhuma dramaturgia. Para mim, foi impactante e desafiador. Para quem já estava sem interpretar há um bom tempo, com uma carreira como apresentador, foi bem diferente. Precisei deixar meu lado de ator em segundo plano”, explica o ator, sobre seus caminhos. “O processo foi o tempo ideal para tirar a capa de apresentador e viver o Ulisses em sua plenitude. Estou apaixonado por ser ator de novo”.

Uma nova busca

Além de retomar o desejo de trabalhar como ator, Otaviano também deixa claro como está satisfeito em tratar de um tema que lhe é caro. Ou seja, toda essa questão da vocação, da frustração de fazer o que não quer e reencontrar o que te move no mercado.

Conforme lembra Otaviano, o Brasil conta hoje com mais de 4 milhões de pessoas desalentadas em relação à vida, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São pessoas que não acreditam mais no seu talento, não buscam seus sonhos, sem energia para virar a chave da vida – em um mundo sem um Ulisses.

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Otaviano Costa em ‘Vidente por Acidente’, que estreia em 18 de abril nos cinemas. Foto: Laura Campanella/Divulgação

“Isso me tocou profundamente quando vi que havia uma questão muito importante sobre vocação, sobre fazer o que ama, se está no caminho certo”, diz Otaviano, emocionado. “É uma questão perene que se tornou mais importante com a pandemia. O filme promove essa fagulha de reflexão, que é fundamental para o ser humano alcançar a felicidade fazendo o que ama. Quando as pessoas fazem algo que não amam, essa bola pode ficar incontrolável e gerar outras situações que não a satisfaz totalmente, virando um burnout sem controle”.

Agora, pensando em seus próprios caminhos, Otaviano não pensa duas vezes: o que ele mais quer é continuar com suas criações no cinema – e, quem sabe, outro protagonismo.

“Quando o Ulisses nasceu, já tinha o argumento de outros três longas que agora estão andando novamente – um de humor, dois de outros gêneros”, diz ele. “Estou muito apaixonado pelo trabalho de ator e de criador. Adoro ter ideias e aí junto com roteiristas incríveis, desenvolvemos argumentos. É o que eu quero fazer a partir de agora”.

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