‘Vou ter pra sempre uma ligação com a Gal Costa’, diz Sophie Charlotte, que vive cantora em filme

‘Meu Nome é Gal’ nasceu de uma provocação da própria artista, que acabou não assistindo ao longa-metragem em vida

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Por Matheus Mans

Foi por volta de 2017, quando terminou de dirigir o documentário O Nome Dela É Gal, que a diretora Dandara Ferreira percebeu que tinha mais histórias para contar: abraçar a ficção, abrindo ainda mais possibilidades de falar sobre vida e música de Gal Costa.

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Foi ali, mesmo sem qualquer linha de roteiro, que arranjou duas parceiras: Lô Politi, com quem dividiu a direção, e Sophie Charlotte, atriz que aceitou o papel de Gal com um telefonema. Agora, seis anos depois, Meu nome é Gal finalmente chega aos cinemas nesta quinta-feira, 12.

E a graça e a beleza disso tudo? Essa percepção de que tinha um filme de ficção para fazer veio da própria Gal. “Nasceu dela”, diz Dandara, ao Estadão, quando questionada sobre a ideia do novo filme.

“Um mês depois do lançamento do filme, ela me chamou no apartamento dela e disse que tinha umas pessoas a procurando para fazer um filme de ficção e queria que eu fizesse. Aí, coincidentemente, comentei com a Lô, ela se empolgou”,

explica a diretora.


LEIA A CRÍTICA: Em Meu nome é Gal, Sophie Charlotte encanta como Gal e Rodrigo Lellis assusta como Caetano

Naquele momento, desde o dia um, o trio se uniu e não se separou mais – coisa rara no cinema brasileiro, com tanto tempo de pré-produção. Sophie, por exemplo, viu sua carreira começar a se transformar: conhecida principalmente por novelas, nos últimos anos a atriz embarcou em mais projetos de cinema, como Um Animal Amarelo, O Rio do Desejo e até mesmo um projeto internacional, do cineasta David Fincher, no filme O Assassino. Ainda assim, ela diz que sentiu um frio na barriga quando chegou o momento de tocar o projeto.

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“Eu fui pensar nas consequências depois. Mas isso mostra o quanto de desejo, de pulsação, de felicidade, de prazer que esse filme contém”, diz a atriz ao Estadão.

“Não fui só eu que disse um ‘sim’ [para o filme] absoluto e inteiro. A equipe também, o elenco, todo mundo é fissurado e apaixonado por Gal. Ter essa possibilidade de ver esse sonho se transformar em realidade é único. Tem muita responsabilidade, mas eu confiei nas minhas diretoras e nesse projeto”, afirma Sophie.

Sophie Charlotte interpreta Gal Costa em 'Meu Nome é Gal' Foto: Paris Filmes/Divulgação

Encontrando a Gal

Quem vai ao cinema assistir a Meu nome é Gal pode imaginar que vai encontrar uma cinebiografia quadrada, contando nascimento, vida e morte da cantora baiana. Mas não é bem assim: o documentário é apenas um recorte entre a chegada de Gal no Rio até o lançamento do show Fa-Tal, mostrando esse nascimento dela como artista, em corpo e voz.

“O recorte pulou pra gente”, disse a diretora Lô Politi, durante a coletiva de imprensa do longa. “Queríamos um filme que mostrasse o movimento interno da Gal, não apenas da carreira. A gente não queria algo que fosse do corpo para fora, mas do corpo para dentro”.

Curiosamente, Gal participou pouquíssimo do projeto, apesar de ter dado a ideia inicial a Dandara. Ela, desde o início, quis ser surpreendida.

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“Ela achava que, se ela participasse, iria interferir muito”,

explica Dandara.

“A gente também já tinha estabelecido uma relação forte, uma confiança entre a gente. Ela sabia que seria uma coisa respeitosa e que iria agradar. Sempre tive muita paixão por ela e reconheceu que eu tinha conexão com a obra”, conta a diretora.

Na cena de 'Meu Nome é Gal', Sophie Charlotte interpreta Gal Costa no palco de Fa-Tal Foto: Paris Filmes/Divulgação

Conexão permante

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Uma pena, porém, que Gal Costa não chegou a ver o filme completo em vida. Morreu em novembro de 2022, quando o filme estava com sua primeira versão na sala de edição. “Falei com ela pela última vez em julho de 2022. Estava com o Caetano e ela perguntou a ele se tinha visto o filme. Disse que ela seria a primeira pessoa a assistir”, afirma Dandara.

Lô Politi, porém, acha que Gal assistiu o filme de algum lugar. “Fizemos nossa primeira sessão em Salvador. Era um dia muito quente e tinha muita gente que conviveu com ela. Se ela tinha que assistir ao filme em algum momento, era lá, em uma sessão quente e emocional”.

Sophie Charlotte, por fim, também acredita que Gal sentiu a energia do filme em vida. “Ela sabia que estávamos fazendo o filme e recebeu essa energia de amor, de homenagem, que todos nós colocamos no filme. Ela sabia que estava sendo homenageada. O filme chegar nela foi nesse momento. Soube que estava sendo rodado um filme que conta a trajetória dela. Vou ter pra sempre uma ligação com a Gal. Nunca vou esquecer desse afeto”, diz.

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