Willem Dafoe questiona como a arte ajuda a escapar do isolamento

Ator encena praticamente sozinho no filme ‘Inside’, em que vive um ladrão de arte

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Por Krysta Fauria

AP - Willem Dafoe disse que, para ele, o processo de fazer um filme sempre ofusca o produto final.

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Mas, depois de mais de 130 créditos no cinema, o ator de 67 anos finalmente encontrou um projeto cuja forma final está à altura da experiência de criá-lo. “Quando assisto a este filme, digo: ‘Ok, sinto que estou lá de novo’”, disse ele. “Embora muitas coisas que inventamos tenham sido cortadas, parece que o processo está acontecendo ainda.”

Essa afirmação é impressionante, considerando o quanto Inside, a estreia na direção de ficção de Vasilis Katsoupis, exigiu de seu principal e praticamente único ator. “Realmente exigiu muitos estados diferentes e abordagens diferentes, eu diria. Mas foi muito divertido”, lembrou.

Willem Dafoe em cena do filme 'Inside' Foto: Wolfgang Ennenbach

Situado inteiramente dentro de um único apartamento, Inside depende completamente da atuação de Dafoe, que é tão hipnotizante que você esquece que ele é a única pessoa na tela durante a maior parte dos 100 minutos.

O filme conta a história de um ladrão de arte chamado Nemo (Dafoe) que fica preso dentro do apartamento de um colecionador durante um assalto malsucedido. Nemo é levado ao limite, enfrentando temperaturas extremas, inundações e acesso limitado a comida e água, tudo dentro dos limites de um luxuoso apartamento em Manhattan.

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Apesar do desgaste físico e psicológico que Nemo sofre ao longo do filme, Dafoe disse que conseguiu se distanciar das tribulações de seu personagem.

“Você está indo para alguns lugares dramáticos ou difíceis, mas também está gostando da interação com as outras pessoas”, disse ele. “Você tem a câmera, tem a linguagem do filme atrás de você, então você fica brincando com essas coisas”.

Mais do que um mero thriller psicológico, Inside reflete sobre as maneiras pelas quais a arte resgata os humanos de uma existência isolada na sociedade moderna - uma saída da prisão que temos dentro de nós mesmos. Por meio de suas meditações sobre O Casamento do Céu e do Inferno, de William Blake, Nemo percebe que a libertação só pode ser alcançada por meio da criação.

Para Dafoe, a exploração filosófica da relação humana com a arte não era tão aparente no roteiro, mas “surgiu ao longo do processo”, lembrou o ator, refletindo sobre como ele encontrou beleza ao fazer peças de arte para o filme.

“Foi muito agradável. Você se perde nessas coisas. Você não sabe necessariamente para que servem, mas parecem muito úteis, saudáveis e necessárias”, disse ele.

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Apesar da carreira prolífica o ator indicado ao Oscar, Dafoe disse que Inside permitiu que ele exibisse habilidades que raramente demonstra.

“Existem certas coisas que são puramente físicas, e nem sempre você consegue fazer essas cenas sem diálogo”, disse ele. “Seções meditativas em que você está sozinho de verdade e não tem nada para realizar”.

E embora as especificidades do enredo de Inside, que encerrou as filmagens em junho de 2021, possam não parecer universais, quase todos deste lado da pandemia de coronavírus se identificarão com as escassas interações humanas, a percepção de tempo um tanto vaga e a cinematografia claustrofóbica do filme. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOUK

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