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Coluna quinzenal do roteirista Lusa Silvestre com crônicas sobre a vida vista com ironia dramática

Opinião | Se a Enel fosse personagem de filme, qual seria?

Beetlejuice, o fantasma que tira sarro dos humanos? Não. Voldemort também não. E Luke Skywalker? Pensei numa trama. Acompanhe

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Foto do author Lusa Silvestre

Primeiro, pensei no Beetlejuice - o fantasma que tira sarro dos humanos. Mas se você falar o nome dele três vezes, Beetlejuice aparece. E a concessionária não vem nem depois de trilhões de tentativas. Voldemort? Muito estudantil. O palhaço do Stephen King? Não – porque, no caso, os palhaços somos nós. Até que finalmente encontrei a saga certa. Acompanhem.

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Luke Skywalker corre pro quintal com a chegada do toró. Gotas com dois quilos, ventos de 300 quilômetros, granitos do tamanho da estátua de Obi-Wan. Luka rapidamente tira as túnicas do varal, coloca a espada laser pra carregar. Acaba a luz. Mestre Yoda aconselha: “prepare-se para o lado negro da força”.

Yoda tinha razão: nosso herói agora está no breu total. Luke tenta o primeiro contato com a concessionária Estrela da Morte. Darth Enel atende. É sujeito cruel. Promete que em três horas a energia voltaria. Darth Enel mexe com a nossa cabeça.

Continua a escuridão. Minutos após o prazo vencer, Luke liga de novo na Estrela da Morte. Darth empurra o conserto pras quatro da matina. O instinto Jedi de Luke avisa: é mentira.

Luke acorda ainda sem luz. E o pior: tinha caído, durante a noite, uma sequoia estilo floresta dos Ewoks. Fios, faíscas, galhos - caos. Luke liga de novo para a Estrela da Morte, para virem tirar a árvore: está perigoso! Darth manda chamar os bombeiros.

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Os bombeiros dizem que a função deles é apagar incêndio e salvar vidas – o contrário de cortar árvore. Não vão, não. Orientam a ligar pra prefeitura. Empurra-empurra na galáxia.

Vira o dia, Luke continua sem energia. Telefona, soltando os dragões, pra ouvidoria da Estrela da Morte. Aí sim: a árvore é recolhida. Darth em seguida avisa que a equipe de manutenção já está a caminho. Uma nova esperança!

Luke Skywalker em 'Star Wars' Foto: Lucasfilm/Reprodução

Mas essa equipe erra o endereço e vai parar em Sirius 5. Fala sério. Mandam outro caminhão, com o próprio Darth Enel no comando. Luke e Darth discutem. Luke corta a mão de Darth fora com o finalzinho de bateria da espada. Sente que vingou a todos. A eletricidade retorna.

Luke não se importa em ficar sem luz; o que pega mesmo é lidar com essa gente. Farto, entra no seu caça rebelde e volta pra Tatooine, o planeta-deserto onde fora criado.

Segundo a Estrela da Morte e o prefeito Palpatine, a culpa pela queda de energia é das árvores. Bom, em Tatooine não tem árvore – posto que é só areia e pedra. Vamos ver o que vão inventar, quando acabar a luz por lá. Fim do filme.

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Opinião por Lusa Silvestre

Roteirista dos filmes 'Estômago', 'O Roubo da Taça', 'Medida Provisória' e 'Sequestro do Voo 375'.

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