Neste outono, a escavação, reconstituição e globalização do modernismo do século 20 prosseguem em ritmo rápido. E não só porque o novo e aprimorado Museu de Arte Moderna (MoMA) está reabrindo no próximo mês, apesar de que não estamos minimizando a importância do principal berço da linearidade modernista estar se reformulando. Quase todas as exposições contribuem de algum modo, desde uma mostra sobre as primeiras galeristas mulheres de Nova York no Museu Judaico, até a exposição de um pintor francês “do segundo escalão” no Metropolitan Museum of Art e a reinstalação de mostras de americanos famosos da arte moderna, que deu origem a um novo museu na Flórida.
O retorno do Museu de Arte Moderna Em 21 de outubro, a inauguração das galerias ampliadas do museu, com um maior escopo histórico, constitui o acontecimento de maior impacto no horizonte da arte neste outono. Organizar o museu do ponto de vista arquitetônico e artístico levará algum tempo e promete ser objeto de um debate acirrado durante meses, talvez anos. Todas as mostras a serem inauguradas são extraídas das reverenciadas coleções permanentes. Mas essa coleção será muito menos permanente. Estará em fluxo constante, com um terço dela sendo recolocado ou pelo menos mudado a cada seis meses. Isso significa que, basicamente, teremos uma mostra completamente nova a cada 18 meses. A trajetória dos grandes gênios brancos da pintura está fora; a cronologia será seguida, mas não estritamente; as galerias serão consagradas a artistas individuais, mas não exclusivamente; e os meios serão misturados. Novas aquisições foram feitas, como a tela And Then We Saw the Minotaur’s Daughter, de Leonora Carrington, recém-adquirida; obras raramente vistas sairão do depósito e outras antigas em lista de espera renovadas.Edith Halpert and the Rise of American Art’ Em 1926 Edith Gregor Halpert (1900-1970) que emigrou da Ucrânia, para os Estados Unidos, inaugurou a Downtown Gallery na West 13th Street. Foi a primeira galeria de Greenwich Village e ela foi a primeira galerista mulher da cidade. Era conhecida pelo seu gosto ecumênico e sua política progressista, o que a levou a outros artistas que emigraram para o país, como também artistas negros, e proporcionou a Jacob Lawrence sua primeira mostra – da famosa série Migration, adquirida pelo MoMA e a Phillips Collection. Horace Pippin, Stuart Davis, Charles Sheeler e Georgia O’Keeffe foram outros artistas cujas obras ela expôs. Como seu objetivo era chegar às pessoas comuns e vender arte para elas Halpert era desdenhada pelos marchands homens. Esta exposição, que promete fotos e itens de coleção formidáveis, era devida há muito tempo. The Jewish Museum, Nova York, 18 de outubro a 9 de fevereiro.
Designs for Different Futures O futuro sempre está além do presente. Esta exposição ambiciosa, organizada com o Walker Art Center de Minneapolis e o Art Institute de Chicago, olha para a frente com 80 designs, quase nenhum deles em produção. (Uma exceção é o Svalbard Global Seed Vault, localizado numa montanha perto do Círculo Ártico, um modelo do qual é visto aqui). E inclui também o Cricket Shelter, criação de insetos para obter proteína; várias formas de ajuda para pessoas com problemas de mobilidade, incluindo um exoesqueleto leve; e sapatos aumentados com o suor que parecem sapatilhas de balé.Philadelphia Museum of Art, Filadélfia, de 21 de outubro a 8 de março
In a Cloud, in a Wall, in a Chair: Seis modernistas no México em meados do século Cinco das artistas e designers mulheres nesta mostra foram influenciadas de alguma maneira pela sexta: Clara Porset (1895-1981), cubana exilada cuja fusão do estilo modernista e o mexicano fez dela uma das mais importantes designers de interiores e de móveis da América Latina. As outras mulheres são a fotógrafa mexicana Lola Álvarez-Bravo, a tecelã germano-americana Anni Albers; a americana Sheila Hicks e também a designer têxtil Cynthia Sargent, como ainda a japonesa-americana Ruth Asawa, que descobriu a técnica de esculturas com fios metálicos, como se fosse um trabalho de crochê – básica em seu trabalho – quando estudou com Porset no México. Art Institute of Chicago, até 12 de janeiro
French Fashion, Women and the First World War A alta costura foi o único setor que o governo francês não restringiu durante a 1ª. Guerra Mundial. A mudança ocorreu organicamente. Os estilistas franceses foram chamados à frente de batalha (Paul Poiret foi um deles), o que permitiu que as mulheres ascendessem e se juntassem a Jeanne Lanvin e Coco Chanel. À medida que os homens deixavam as fábricas para lutar, seus lugares foram tomados por mulheres que precisavam de uniformes de trabalho produzidos em massa e padronizados. Essas forças entrecruzadas e transformativas estão entre as muitas traçadas nesta exposição abrangente, uma grande façanha em termos de pesquisa imaginativa. Bard Graduate Center, NYC - Até 5 de janeiro
Memory Palaces: Inside the Collection of Audrey B. Heckler Esta mostra celebra a coleção reunida durante quase três décadas por Audrey B. Heckler, curadora do American Folk Art Museum, conhecedora e patrocinadora da arte autodidata, cujos criadores são vistos cada vez mais como centrais para o modernismo. As obras vão da arte ‘brut’ européia ao cânone folclórico americano que surgiu no século passado e os incríveis artistas afro-americanos do Sul. Serão mais de 160 objetos de 80 artistas, alguns exibidos num “gabinete de curiosidades” como os trabalhos de Heckler. American Folk Art Museum, Nova York, 17 de setembro a 26 de Janeiro
Modernisms Sem conhecimento de qualquer tipo de arte ou de história da arte, Abby Weed Grey (1922-1978) foi uma globalista à frente do seu tempo. Por volta de 1960 essa mulher abastada do Meio Oeste decidiu colecionar arte contemporânea não ocidental e começou a adquirir obras modernistas do pós-guerra no Irã, Turquia e Índia, e Japão, Quando o Walker Art Center de Minneapolis, sua cidade natal, recusou a coleção de 700 objetos, Grey a ofereceu para a Universidade de Nova York e a doou para a Grey Art Gallery em Washington Square East. A seção médio-oriental da coleção nunca foi exibida.Art Gallery, New York University, até 7 de dezembro
Félix Vallotton: Painter of Disquiet O artista suíço Félix Vallotton (1865-1925) que se mudou para Paris com 16 anos de idade, normalmente fica em segundo plano em exposições ou livros sobre arte francesa do século 19. Suas gravuras em branco e preto são seus trabalhos mais conhecidos, pelas composições surpreendentes e narrativas ricas, às vezes sinistras: interiores domésticos ocupados por casais inquietos, retratos acerbos da alta burguesia e cenas de brutalidade policial. As pinturas menos conhecidas do artista oscilam entre um realismo rigoroso e um estilo nivelado no caso das gravuras. Dando espaço igual às pinturas, a primeira retrospectiva de Vallotton nos Estados Unidos desde 1991 promete dar à sua obra a estatura que merece. Metropolitan Museum of Art, Nova York, 29 de outubro a 26 de janeiro
Ernst Ludwig Kirchner Uma retrospectiva da obra de Ernst Ludwig Kirchner, o melhor e mais versátil dos expressionistas alemães, é sempre bem-vinda. Como muitos pintores do século 20, Kirchner foi duas vezes destruído, pela 1ª. Guerra Mundial, que resultou no seu colapso nervoso, e depois pela ascensão de Hitler, que acabou levando-o ao suicídio em 1938. Esta exposição enfatiza a cor inovadora, que, como as suas linhas irregulares, ajudam a acidificar suas imagens da vida moderna. Neue Galerie, New York, 3 de outubro a 13 de janeiro
30 Americans Esta mostra de 30 artistas americanos afrodescdndentes teve origem há 10 anos em Miami na Rubell Family Collection (que logo se transformará em Rubell Museum). Desde então a coleção passou por 16 museus de todo o país, se tornando quase legendária. A Barnes Foundation traz a coleção para mais perto de Nova York, Os artistas abarcam três gerações, indo de Robert Colescott (1925-200), aos trabalhos de Nina Chanel Abney e inclui Mickalene Thomas, David Hammons, Xaviera Simmons e Kerry James Marshal. Barnes Foundation, Filadélfia, de 27 de outubro a 12 de janeiro
/Tradução de Terezinha Martino
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