Diários e roteiros de Orson Welles vão para arquivos de universidade

Escritos inéditos do cineasta são doados pela filha e integram coleção

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Por Cara Buckley
Jeanne Moreau e Orson Welles em 'O Toque da Meia-Noite' (1965, 'Chimes at Midnight'). O roteiro com várias anotações está entre os itens recentemente adquiridos pela Universidade de Michigan Foto: Janus Films

Cartas, cartões postais, diários e desenhos de um Orson Welles adolescente, juntamente com roteiros não publicados de seus muitos projetos inacabados das décadas de 1960 e 1970, foram adquiridos pela universidade de Michigan. Esse acervo, doado pela filha mais nova de Orson, Beatrice Welles, vem se somar a um imenso tesouro já em poder da universidade, que integra sua coleção denominada Screen Arts Mavericks & Makers.

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Estas novas aquisições abrangem roteiros repletos de anotações de filmes famosos de Welles, como Falstaff - O Toque da Meia-Noite e A História Imortal. Mas incluem também roteiros que estudiosos e fãs de Welles, que morreu em 1985, tinham ouvido falar, mas nunca viram, e estão entre seus inúmeros projetos que não chegaram às telas. É o caso de Ulisses, The Unthinking Lobster e Operation Cinderella. E também o script do piloto de Fountain of Youth, uma série de TV para a Desilu Productions: o piloto foi ao ar e conquistou o Prêmio Peabody, mas a série jamais foi produzida.

“É uma peça perdida do quebra-cabeças chamado Orson Welles e documenta um período em que as pessoas não tiveram oportunidade de ver o material original”, disse Philip Hallman curador da coleção, acrescentando que “este acervo mostra como Welles foi produtivo no período. É um material volumoso, uma montanha de roteiros que ele estava escrevendo”.

Cópia do roteiro de 'O Toque da Meia-Noite', anotado por Orson Welles Foto: Estate of Orson Welles/University of Michigan Library

Beatrice Welles, cuja mãe, a atriz e condessa italiana Paola Mori, foi a terceira mulher de Orson, disse que há muito tempo desejava que todo o material permanecesse num único lugar, mesmo que ele não ficasse muito feliz quanto ao local onde ficariam. “Ele odiava qualquer coisa acadêmica”, disse ela.

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Mas a coleção da Universidade de Michigan já era magnífica, graças a doações de pessoas como Chris Wilson, filho de Richard Wilson, que por muito tempo foi sócio de Welles. “Quando vi o que eles possuem, achei que este é o lugar onde depositar outras obras dele e tenho esperança de que mais pessoas seguirão o exemplo”, disse Beatrice. “Com o material que entreguei agora à universidade, esta será provavelmente a maior coleção do mundo”.

Há dois anos a universidade adquiriu, por um valor não revelado, oito caixas de documentos de Oja Kodar, atriz croata que foi sócia e amante de Welles durante os últimos anos da sua vida.

Carta com rascunhos do jovem Welles datada de agosto de 1930 e escrita a bordo de um navio em Hong Kong, o que ele descreveu como "uma maravilhosa surpresa" Foto: Estate of Orson Welles/University of Michigan Library

A nova correspondência que passou a integrar a coleção nos dá a imagem de um Welles adolescente eloquente e vivaz, fazendo desenhos a lápis de asnos durante viagem que realizou à Irlanda e escrevendo com entusiasmo a bordo de um navio em Hong Kong, que descreveu como uma “maravilhosa surpresa”.

"Caramba! Que navio!", escreveu o jovem. “Eles falam de hotéis flutuantes quando se referem a esses transatlânticos, mas são mais do que isto”.

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A aquisição feita pela universidade acontece semanas depois que uma equipe de produção que trabalha para concluir um projeto inacabado de Orson Welles, The Other Side of the Wind, anunciou uma parceria com a Netflix, e que depois de anos de interrupções, o filme será concluído. /Tradução de Terezinha Martino 

Primeira página do diário/caderno de anotações que Welles levou com ele em uma expedição de pintura à Irlanda em 1931 Foto: Estate of Orson Welles/University of Michigan Library
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