DVD de "Um Copo de Cólera" traz extensa galeria de extras

Conflito entre corpo e espírito é o tema do filme, que se baseia em livro de Raduan Nassar, foi dirigido por Aluizio Abranches e estourou no exterior

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Por Agencia Estado
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Sempre cuidadosa em seus lançamentos, a Versátil põe nas lojas o DVD de Um Copo de Cólera. Você nunca viu nada parecido no País. O filme que Aluizio Abranches adaptou do livro de Raduan Nassar ganha um disco de dupla camada, com capacidade para acolher as mais de quatro horas de material. Além do filme (curto, apenas 80 min), você encontra a maior galeria de extras da história de DVDs de filmes brasileiros. Making of, storyboard, opção de ângulos diferentes, depoimentos do diretor e do escritor, o curta A Porta Aberta, que Abranches fez antes. O DVD tem até cenas do novo filme do diretor, As Três Marias. Ao contrário de Lavoura Arcaica, que Luiz Fernando Carvalho também adaptou de Raduan Nassar e foi supervalorizado pela crítica brasileira, Um Copo de Cólera foi visto com exagerada reserva por esses mesmos críticos. Mas estourou no exterior. Foi sucesso na Itália, em parte por suas cenas de sexo. Quando estreou na cidade, há três anos, a mídia chegou a especular que Alexandre Borges e Júlia Lemmertz, casados na vida real, teriam feito sexo diante das câmeras. Não é verdade, eles não se cansaram de explicar. Foi tudo encenado, num trabalho de preparação corporal coordenado pela coreógrafa Angel Vianna. O sexo, nos limites do explícito, é uma das ousadias de Um Copo de Cólera, mas não a única. O diretor mantém-se fiel ao texto de Raduan, que é ostensivamente literário e artificial. Isso chegou a ser considerado um defeito do filme, a sua subserviência à letra do romance. Luiz Fernando Carvalho também é subserviente e também é contemplativo, porque tenta esculpir o tempo e sucumbe à fotogenia, se bem que essa é uma afirmação sujeita à polêmica. O próprio Walter Carvalho, diretor de fotografia de Lavoura Arcaica e parceiro de Luiz Fernando na abertura de novelas como Renascer, fica indignado quando se fala na excessiva beleza do filme. Para ele, a fotografia de Lavoura é essencialmente narrativa, não tem efeito nenhum. Curto, com pouco mais de uma hora de duração, Um Copo de Cólera propõe-se ao espectador menos como uma escultura do tempo do que como uma vertigem. Abranches cria uma espécie de turbilhão, filmando com a câmera na mão ao redor dos atores e, às vezes, participando de um embate com eles (ou entre eles). Essa radicalidade estética é a própria expressão do tema, que pode ser definido como um embate entre o corpo e o espírito. O casal de Um Copo de Cólera entrega-se com voracidade ao exercício do prazer físico, mas esse é só um aspecto do filme. Há também o seu contraponto, que é o embate verbal, a discussão das idéias mais abstratas em choque com a matéria crua do sexo. A profunda artificialidade de Um Copo de Cólera é retomada e até ampliada pelo diretor em seu novo filme, As Três Marias. Depois da relação de um casal, a de uma mãe e suas três filhas, a quem a primeira impõe seu projeto de vingança contra os homens que mataram seu marido (e pai das moças). Há uma teatralidade, não forçada, mas estudada em As Três Marias. Sua origem está em Um Copo de Cólera. Aluizio Abranches é um caso interessante do atual cinema brasileiro. Serviço - Um Copo de Cólera. Brasil, 1999. Direção de Aluizio Abranches, com Alexandre Borges e Júlia Lemmertz. DVD da Versátil. À venda por R$ 34,90

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