OS MOEDEIROS FALSOS
AUTOR; ANDRÉ GIDE
EDITORA: CULTURAMA
400 PÁGS,. R$ 55
O Nobel de Literatura francês de 1947, André Gide, foi redescoberto pelas editoras brasileiras. Primeiro foi a Estação Liberdade. Agora chegou a vez da editora Culturama lançar sua tradução do romance maior de Gide, Os Moedeiros Falsos. Um dos protagonistas, Bernard, foge da casa dos pais e vai morar com o amigo Olivier. O terceiro personagem é o tio do último, Édouard, escritor que planeja publicar um livro com o mesmo título de Gide, Os Moedeiros Falsos. Uma excelente introdução ao que se convencionou chamar de “metalitertura”. (Antonio Gonçalves Filho)
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GRÉCIA REVISITADA - ENSAIOS SOBRE CULTURA GREGA
AUTOR: FREDERICO LOURENÇO
EDITORA; CARAMBAIA
320 PÁGS., R$ 99.90
Coletânea de textos do filólogo português Frederico Lourenço, tradutor da Ilíada e da Odisseia de Homero. O livro, que reúne ensaios sobre a literatura, o teatro e a filosofia dos gregos antigos, cobre um longo período, do século 8 ao 4 a.C, analisando desde a depressão de Aquiles até a poesia lírica arcaica, marcada por temas predominantes como tristeza e homossexualidade, com espaço para a poesia tardia da era cristã. (A.G.F)
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A CABEÇA DO PAI
AUTORA: DENISE SANT’ANNA
EDITORA; TODAVIA
128 PÁGS, R$ 54,90 (e-book, R$ 39,90)
Historiadora, este é o primeiro livro de ficção da professora Denise Sant’Anna. E já começa com uma poderosa narrativa do drama do pai da narradora, idoso que cuida da esposa com Alzheimer. Ele é vítima de um AVC hemorrágico e esse episódio coloca em evidência relações familiares e sociais sobre a finitude. A morte, a descoberta do sexo e a velhice marcam presença no livro de estreia de uma sensível autora. (A.G.F)
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VIA ÁPIA
AUTOR: GEOVANI MARTINS
EDITORA; COMPANHIA DAS LETRAS
344 págs.,, R$ 64,90
R$ 39,90 (e-book)
Sucesso em sua estreia com a coletânea de contos O Sol na Cabeça, o jovem autor Geovani Martins publica seu primeiro romance, Via Ápia. O autor narra a situação decorrente da instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na Rocinha. Em capítulos curtos, o narrador conta a vida de cinco jovens e aborda questões como o tráfico de drogas e a repressão policial, que acaba em morte. (A.G.F)
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O BURACO NA MÁCULA
AUTORA: THAÍS RODEGHERI MANZANO
EDITORA: RUA DO SABÃO
170 PÁGS., R$ 50
Um buraco na mácula do olho esquerdo surgiu e precipitou a narradora num outro buraco após a operação: um olho era insuficiente para enxergar o mundo tal como era antes de ficar à beira do precipício. No entanto, a autora Thaís Rodehgeri Manzano encontrou uma forma de superar a tragédia: transformou-a em palavras, como sugeriu seu analista. Essa experiência existencial é contada como ficção por uma professora de História da Literatura, que recorre a Beckett, Tolstoi e Virgílio em sua “prisão domiciliar” decretada pela doença para enfrentar a narrativa. (A.G.F)
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A REPÚBLICA DE CHINELOS
LUCIANA VILLAS BÔAS
EDITORA 34
112 PÁGINAS
R$ 47
A professora da UFRJ Luciana Villas Bôas analisa a linguagem do presidente Jair Bolsonaro em A República de Chinelos - Bolsonaro e o Desmonte da Representação. Ela pinça cenas conhecidas do mandatário, como a emblemática foto em que o presidente aparece com seus ministros, de chinelos e meias brancas. A simbologia do bolsonarismo, segundo Villas Bôas, está na exploração de símbolos chulos que fazem parte da indumentária do político. Mas não só, no livro também são analisados os discursos com apelo populista, a presença das armas e sua apelação e toda a violência simbólica que os cacoetes de Bolsonaro suscitam. Chocante. (Matheus Lopes Quirino)
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DE PASSAGEM
NELLA LARSEN
TRADUÇÃO: FLORESTA
PENGUIN-COMPANHIA
168 PÁGINAS
R$ 44,90/R$ 27,90 (E-book)
A escritora Nella Larsen nasceu no final do século 19 nos Estados Unidos e presenciou o auge da segregação racial no País. Filha de um negro caribenho e uma mãe branca dinamarquesa, ela viveu entre as duas realidades raciais, em busca de pertencimento. Seu romance, De Passagem, com ótima tradução do escritor floresta, mostra a complicada vida de Clare e Irene, duas amigas negras de pele clara que vivem as tensões do colorismo na primeira metade do século 20. A apresentação da professora e ativista Bianca Santana é um texto essencial para contextualizar os dilemas do colorismo e um convite à obra de Larsen. Primoroso. (M.L.Q)
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SARAMAGO – OS SEUS NOMES
ORGANIZAÇÃO DE ALEJANDRO GARCÍA SCHNETZER E RICARDO VIEL
COMPANHIA DAS LETRAS
352 PÁGINAS
R$ 200
No ano do centenário do Nobel português José Saramago, os pesquisadores Ricardo Viel e Alejandro García Schnetzer apresentam um álbum biográfico que contempla a trajetória do escritor. Dividido em capítulos (lugares/espaços, leituras/sentidos, escritas/criações, laços/pessoas), o repertório do escritor é revisitado, com leituras essenciais, personagens das culturas portuguesa e mundial e lugares que marcaram o autor dos Cadernos de Lanzarote, diários que, com fragmentos da obra literária, norteiam o volume. Mafalda, de Quino, Salvador Allende e Machado de Assis, juntam-se a personagens peculiares, como a ceramista Dorotea de Armas e o escritor José Augusto França. Uma viagem. (M.L.Q)
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NOSSA MOLÉSTIA
TIMOTHY SNYDER
TRADUÇÃO DE ANDRÉ CECHINEL E FÁBIO LUIZ LOPES DA SILVA
EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
132 PÁGINAS
R$ 35
Em Nossa moléstia: Lições Sobre a Liberdade Extraídas de Um Diário Hospitalar, o historiador Timothy Snyder relata sua experiência com o sistema de saúde norte-americano e expõe suas fragilidades. Um relato colérico, de quando se encontrava acamado devido a complicações de um apêndice, guia suas reflexões. No livro, surgem questões como a negligência do governo com a saúde de milhões de cidadãos que não têm condição de pagar hospitais. A assistência médica ideal, então, se torna mais um sonho americano (disponível para poucos). Um relato contundente para tempos em que o SUS, no Brasil, segue em pauta enquanto sofre desmontes. (M.L.Q)
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AS BRUXAS
MONA CHOLLET
TRADUÇÃO DE CAMILA BOLDRINI
EDITORA ÂYINÉ
296 PÁGINAS
R$ 79,90
A jornalista franco-suíça Mona Chollet conta a história das Bruxas, mas deixa de lado a ficção. No livro Bruxas A Força Invencível das Mulheres, ela aponta como o machismo e a religião impuseram um sistema que condenava mulheres à frente de seu tempo. Ela volta há séculos, com a perseguição das igrejas, tanto a de Calvino, quanto a católica, a mulheres curandeiras e traz à luz do século 21, na cultura pop, como a arte lidou com a figura das bruxas e a representação das mulheres na sociedade através do cinema, da literatura e da construção de uma imagem excêntrica e marginal. (M.L.Q)
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