Por dentro da mente de um sobrevivente da Bomba atômica de Hiroshima
Um dos sobreviventes da bomba nuclear que destruiu a cidade japonesa de Hiroshima, Tamiki Hara (1905-1951) ganhou expressão durante os anos 1960 com a difusão do Genbaku Bungaku (literatura da bomba atômica) e virou uma leitura essencial para os que protestavam contra o fim da guerra nuclear. Flores de Verão traz relatos da vida pós-trauma e das marcas que o ataque deixou na população e na história do País. O prêmio Nobel de literatura Kenzaburo Oe foi um dos responsáveis pela divulgação de Hara no ocidente. A obra chega ao Brasil em tradução direto do japonês por Jefferson José Teixeira. Intrigante.
FLORES DE VERÃO
TAMIKI HARA
EDITORA: TINTA DA CHINA BRASIL
136 PÁGINAS
R$ 55,00
Billy Wilder retratou a derradeira da democracia em uma Berlim cultural
Umas das curiosidades que impressionam é imaginar que o diretor de Se Meu Apartamento Falasse, clássico musical de 1960, com Jack Lemmon e Shirley MacLaine, foi jornalista. Em Billy Wilder: Um Repórter em Tempos Loucos estão reportagens que captam a efervescência da Berlim de 1920, na então República de Weimar, com todo o clima de libertação, progresso e criatividade cultural. Wilder retratou a festa até os últimos momentos, quando o nazismo eclodiu e a europa desembocou em tempos sombrios – o escritor se exilou nos EUA, onde fez carreira.
BILLY WILDER: UM REPÓRTER EM TEMPOS LOUCOS
ORG. DE NOAH ISENBERG
EDITORA: DBA
236 PÁGINAS
R$ 64,90 ou R$ 34,90, o e-book
Margaret Atwood cria personagens movidos pelo rancor nos contos de ‘Colchão de Pedra’
Depois do sucesso de O Conto da Aia, a literatura da canadense Margaret Atwood vem sendo difundida do Brasil com uma série de edições recentes. Uma delas, a coletânea de contos Colchão de Pedra, traz personagens movidos pelo rancor e pela vingança. No conto homônimo que dá nome ao volume, a viúva Verna trama contra um homem que lhe prejudicou no passado, Atwood sabe construir uma atmosfera minuciosa e cruel. Aliás, a história da mulher será adaptada para o cinema, com Julianne Moore (Magnólia, A Single Man) no papel principal.
COLCHÃO DE PEDRA: NOVE CONTOS PERVERSOS
MARGARET ATWOOD
EDITORA: ROCCO
304 PÁGINAS
R$ 64,90
Romance imagina um Mário de Andrade assumidamente gay
No centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, um romance recria a correspondência do escritor paulista Mário de Andrade, famoso missivista. São cartas fictícias endereçadas a personagens conhecidos, como o poeta Carlos Drummond de Andrade, em que Mário expõe sua vida particular, (tratada em segundo plano sua obra). Embora insinue a homossexualidade em trabalhos menos conhecidos, como no conto Frederico Paciência, em Contos Novos, Alexandre Rabelo faz justiça e cria um personagem franco em relação a suas questões. Seu título, Miss Macunaíma, faz referência a um artigo satírico de Oswald de Andrade, que comparou Mário a uma socialite. Divertido.
MISS MACUNAÍMA
ALEXANDRE RABELO
EDITORA RECORD
240 PÁGINAS
R$ 69,90
‘Noite no Paraíso’ e o sucesso tardio de Lucia Berlin
Foi com a coletânea de contos Manual da Faxineira que a escritora Lucia Berlin (1936-2004) foi reconhecida, mas só após a sua morte. Berlin dominava o gênero. Em vida, ainda que não tenha estourado no meio editorial, ela publicou pequenas peças em revistas especializadas, como a Esquire. Neste Noite no Paraíso, o leitor encontra, mais uma vez, uma autora que fala das aparências e trata da vida mundana, independente do contexto, partindo de experiência pessoal, como o drama do alcoolismo.
NOITE NO PARAÍSO
LUCIA BERLIN
ED. COMPANHIA DAS LETRAS
304 PÁGINAS
R# 74,90 ou R$ 39,90, o E-book
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