Foi aí que me dei conta de que o país do futebol não sabe organizar uma partida de futebol. Não digo pelo nível da partida, mas sim pelo tipo de entretenimento disponibilizado ao torcedor antes, durante e depois do jogo. Vou usar como exemplo essa partida, mas o que vou falar vale para qualquer outra.
Começou assim: do nada entraram umas 12 mulheres vestidas de cheerleaders, fazendo uma coreografia desinteressante e bobinha no meio do campo. Elas tavam tão lá longe que não dava nem pra saber quem era gostosa ali. Aí, para “alegrar” a galera, entram três mascotes da Federação Paulista. Personagens que ninguém faz a menor ideia de quem sejam. Eles ficam dando volta no campo dando tchau para as pessoas. As crianças não se animam e os adultos torcem para vê-los caindo no chão. E é isso. Fica tocando uma música alta para as meninas dançarem e acaba. A única coisa que levantou a galera, foi quando dois caras passaram jogando camisetas para a arquibancada.
Tive o prazer de assistir a uma partida de basquete nos EUA. Não sou fã de basquete e o jogo era entre Denver e Dallas, um joguinho bem safado. Mas olha, que maravilha. O narrador é um animador de festa, sempre incendiando a torcida. Conversa, interage e nos diverte. O telão faz todos participarem, seja cantando, seja entoando um grito de guerra, seja mostrando partes da plateia. Isso mesmo, plateia. Aquilo ali não é um jogo, é um espetáculo.
Nos intervalos, os mascotes brincam com todos, arremessam bolas do meio de campo, fazem um teatro que deixa você querendo que o jogo espere um pouco mais para começar. Algumas pessoas são sorteadas na arquibancada para fazerem arremessos.
As cheerleaders dançam, pulam, fazem acrobacias e são integradas à quadra. Daqui a pouco, entra um trampolim e as pessoas enterram nas cestas. Enfim, um show à parte. Por que aqui tudo tem que ser de qualquer jeito? Por que os times não se esforçam meia vírgula para fazer o torcedor participar mais daquilo. Você atrairia mais famílias pros estádios, o clima fica mais descontraído, evita tumulto na entrada... Não é possível que um país que organiza as melhores festas do mundo não consiga fazer uma distração decente de dez minutos no intervalo entre um tempo e outro.
As pessoas pagam uma fortuna para assistir a um jogo vagabundo no medíocre Campeonato Carioca e só falta elas ganharem um chute na canela de recompensa. E, às vezes, ganham! Acho que os clubes podiam se coçar e começar a tentar trazer o público de volta aos estádios, oferecendo mais às pessoas. É claro que quem vai ao estádio vai para ver o jogo, mas mais que isso, ela vai para se divertir. É um programa que, se bem realizado, vai fazê-la querer voltar.