A fusão cultural brasileira, alavancada pela mistura da tecnologia e do trabalho artesanal, está na ordem do dia da 10.ª edição do Fashion Rio, que começa neste domingo na Marina da Glória, com cerca de 30 grifes apresentando suas novas coleções de outono-inverno. "Queremos falar sobre a questão de misturar linguagens, materiais e diferentes culturas, além de aproximar diferenças. É a questão que está em pauta para toda a área de consumo", disse Eloysa Simão, diretora do evento, que espera receber em seis dias um público de 100 mil pessoas. "Só assim vamos tirar um produto genuinamente brasileiro, que será um diferencial do Brasil no mercado externo, que é hoje o nosso grande desafio", continuou Eloysa, em entrevista por telefone. O tema da fusão cultural serve de idéia para a cenografia do Fashion Rio, assinada pelo designer Muti Randolph, que preparou uma série de esculturas e imagens a ser exibidas pelos corredores da Marina da Glória. E, por ser uma discussão atual do mundo da moda, será possível ver as influências do tema em muitos desfiles dos próximos dias. Entre os estilistas mais conhecidos da semana de moda carioca está Walter Rodrigues, responsável pelo vestido da posse usado no começo do mês pela primeira-dama, Marisa Letícia, além das grifes Animale, Sommer, Cavendish, Tessuti e Redley. Rodrigues será o único a desfilar no domingo, na instituição Real Gabinete Português de Leitura, abrindo a temporada outono-inverno que terá seu ápice no São Paulo Fashion Week, na última semana do mês. Os outros únicos desfiles externos agendados no Rio até agora são da Sommer, no Planetário da Gávea, e da Alessa, em uma concessionária de automóveis. Para Rodrigues, a fusão cultural é uma realidade em suas criações há muitos anos, especialmente depois de 2001, quando passou a trabalhar com cooperativas que preparavam trabalhos artesanais para seus vestidos extremamente luxuosos. Sua nova coleção surgiu de duas viagens a comunidades de países bem distintos -- uma ao sudoeste da China e outra à cultura maia na Guatemala. A grife Apoena, que reúne o trabalho de artesãs de Brasília, também produziu flores bordadas em fios de lã para uma série de vestidos de noite do estilista. "O que mais me tocou foi que, em pleno século 21, eles não perderam suas identidades de mil anos atrás. Toda a tecnologia de hoje não atrapalha em manter suas identidades", disse Rodrigues à Reuters. Esporte Chic e Celebridades Segundo a diretora do evento, outra tendência muito forte que irá aparecer nas passarelas é o que chamou de "esporte chic", ou seja, a mistura de modelagens de roupas de academia com matéria-prima nobre como tecidos de última geração. A grife carioca Eliza Conde, estreante desta temporada, é um exemplo desse desejo, uma vez que irá trazer para a passarela o mundo da dança com um olhar contemporâneo. A TNG, que já trabalha com essa fusão há algum tempo, buscará sua inspiração nos pára-quedistas, além dos aviadores dos anos 1940. A TNG, que já protagonizou desfiles concorridos ao trazer à passarela a então namorada do jogador Ronaldo, a modelo Raica, deverá continuar chamando atenção, uma vez que escalou o ator Reinaldo Gianecchini como um de seus modelos. O Fashion Rio é famoso por atrair celebridades tanto nas disputadas primeiras fileiras das salas de desfiles como nas passarelas, a exemplo da atriz Fernanda Lima, que estará entre as modelos da grife Juliana Jabour (irmã de Ellen Jabour, a namorada de Rodrigo Santoro). O ponto alto, no entanto, deverá ficar mais uma vez com o desfile da Colcci, que trará pela quinta vez consecutiva a top Gisele Bündchen, no último desfile do último dia do evento.