Festa de Erasmo no Municipal

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Em 11 de julho de 2009, 68 mil pessoas saudaram os 50 anos de carreira de Roberto Carlos numa noite de temporal no Maracanã, transmitida para milhões pela TV. No sábado, foi Erasmo Carlos, parceiro em mais de 500 canções, quem festejou a data. O palco era igualmente nobre, mas o público, bem modesto: cerca de duas mil pessoas, que fizeram do Teatro Municipal um espaço acolhedor para uma noite de rock"n"roll.Desde a Jovem Guarda, embora juntos na assinatura de clássicos da MPB, Erasmo e Roberto traçaram caminhos apartados. Chegaram ao século 21 com status distintos: se Roberto virou mito, Erasmo conta com um público menor, mas fiel, que se regozija por ter um Tremendão que, aos 70 anos (festejados dia 5 de junho), não fica parado no tempo, abrindo o leque de parceiros, interagindo com artistas mais jovens, lançando CDs. A escolha do figurino dos dois no sábado, comentada por eles - Roberto com o tradicional blazer com ombreiras, Erasmo de casaco de couro rocker -, é cheia de significado. Os fãs, a maior parte já passada dos 50, fizeram ecoar refrões de hits que Erasmo compôs sem Roberto, como Sou Uma Criança, Não Entendo Nada, além de sucessos dos dois como Se Você Pensa, Eu Sou Terrível, É Proibido Fumar, Minha Fama de Mau. A única música presente tanto no Maracanã quanto no Municipal foi É Preciso Saber Viver, já com Roberto no palco - reverenciando o amigo, quando o que se vê normalmente é o contrário. Em 2009, os dois choraram feito criança cantando Amigo. Dessa vez, combinaram nos bastidores de se conter. "Para mim é sempre um privilégio. Parabéns pelos 50 anos e pelo aniversário. A gente é companheiro até nisso", brincou um superdescontraído Rei, que completou 70 em abril. Foram muitos os afagos, abraços e beijos fraternais, momentos aplaudidíssimos pelo público, assim como a participação de Marisa Monte, saudada pelo anfitrião como "musa" e "nota musical". "Ontem foi aniversário dela", anunciou Erasmo. "Ganhei o presente hoje, aqui", retribuiu a reverente Marisa, parceira em Mais Um Na Multidão, destaque do CD de 2001 com o qual Erasmo voltou às paradas. O primeiro show de rock no teatro foi mesmo uma festa de arromba entre velhos e novos amigos - Wanderléa estava na primeira fila, feliz. "Rock"n"roll é rebeldia, contestação, mas também é amor", disse Erasmo.

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