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‘A gente tem que tirar esse véu e encarar o racismo de frente’, diz Taís Araujo

A atriz e apresentadora, que está na segunda temporada de ‘The Masked Singer’, tem como paixão o ativismo, mas diz que também ‘sabe rir’

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Foto do author Marcela Paes
Atualização:

Taís Araújo não tem medo de arriscar – e gosta de diversificar na carreira. Atriz há muitos anos, ela já foi apresentadora do programa Pop Star e volta para a uma segunda temporada como jurada no The Masked Singer, que estreou ontem. Engajada em lutas sociais como o combate ao racismo, ela encara a experiência de jurada do programa como uma oportunidade para se divertir. “É legal ser ativista, é a minha grande paixão, mas eu também sei falar besteira”, diz à repórter Marcela Paes. Leia abaixo a entrevista.


Taís Araujo  Foto: Marcus Sabah

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Você volta pra mais uma temporada como jurada do The Masked Singer. O que é que você mais gosta no programa?

A bagunça, a confusão. O mais legal desse programa é que o único comprometimento que a gente tem ali é com a alegria. E a gente passou por coisas tão horrorosas, tantas dores. É tão legal você ter um espaço em que você só tem que rir, não tem que pensar. E os meus companheiros são muito divertidos.

Você já apresentou o Pop Star e volta como jurada do The Masked. Gosta de diversificar?

Adoro. Dá pra ver que eu gosto de me arriscar que o Pop Star eu apresentava o programa domingo, ao vivo, sem nunca ter feito isso. Vou aprender diante do público, dane-se. Ninguém nasceu pronto, eu também não.

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Você já foi dirigida como atriz algumas vezes pelo seu marido, Lázaro Ramos. Como é isso?

Eu adoro ser dirigida pelo Lázaro. A gente se conhece muito bem, então às vezes ele pede um negócio como diretor e eu não sei o que é que ele tá querendo, mas eu sei o que está na cabeça dele. Foi uma coisa que a gente desenvolveu, porque no nosso primeiro trabalho, que foi a novela Cobras e Lagartos, a experiência não foi boa. Até falamos que nunca mais íamos trabalhar juntos. Mas saímos do lugar de ‘nunca mais’ para 24 horas juntos. E foi ótimo.

No filme Medida Provisória, em que você atua e o Lázaro dirige, há muitas reflexões sobre questões políticas e sociais. Acha importante que a arte tenha esse lugar de crítica?

A arte tem muitas funções e uma delas é tirar as pessoas do conforto, incomodar para poder mudar. O Medida tem esse lugar, mas as pessoas também se divertem. O filme tem essa característica de ‘olha, vamos conversar sobre um assunto sério? Não vai ser doloroso, você vai rir, você vai se identificar’. Eu ouvi comentários de pessoas brancas falando, ‘cara, eu me peguei rindo, depois fiquei com vergonha de estar rindo’. Já peguei a população negra também falando assim, ‘eu me identifico muito naquele lugar’. Ou a população negra rindo de situações que a gente passa, mas rindo com propriedade, falando, ‘caraca, é assim mesmo a nossa vida, sabe?’.

Vi um tweet seu comemorando que a injúria racial agora vai ser tipificada como crime de racismo. Avançaremos nessas questões de combate ao racismo?

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É o que a gente espera. Antes tudo o que acontecia de racismo, porque no fundo tudo é racismo, era jogado para a Injúria Racial. Era impressionante. Eu falava, ‘caraca, isso é racismo, não tem outra, é claramente racismo’. Aí desviava para injúria racial, com uma pena branda. A gente tem que tirar esse véu, tem que encarar a parada do racismo de frente.

Você costuma se posicionar muito abertamente sobre política, combate ao racismo. É importante para você participar ativamente do debate?

Não vejo outra função no mundo pra mim sem ser essa, enquanto cidadã. Mas se eu sou artista e as pessoas me escutam, posso fazer bom uso disso. Não tem muito como descolar a artista do desejo de mudança da sociedade, mas fazer programas mais leves como o The Masked Singer também são um alívio para mim.

Da seriedade?

Como eu trabalho há muitos anos, as pessoas já me colocaram em várias caixas diferentes, a da novinha, da bonita, da inexperiente, a da que casou com o Lázaro. E durante os últimos anos era a de um lugar muito sério de ativismo. É legal ser ativista, é a minha grande paixão, mas eu também sei falar besteira.

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Você estreou muito cedo na televisão. Como lida com o envelhecimento?

Eu lido tão bem com isso. Fisicamente não é uma questão pra mim. Pode vir a ser, mas agora não é. Eu amo ir a um dermatologista, já fiz muitos tratamentos, mas botox, nunca. Porque eu não quero ficar fazendo papel de menina, eu quero fazer papéis complexos, entendeu? Quero fazer papéis de mulheres da minha idade, que viveram. Não quero parar no tempo.

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