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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

A saga para descobrir o autismo na fase adulta

Somente aos 37 anos, Guilherme de Almeida descobriu que tinha a síndrome de Asperger, condição do espectro autista

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Foto do author Paula Bonelli
Atualização:

Na pré-adolescência, o presidente da Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas, Guilherme de Almeida, de 40 anos, demonstrava dificuldades em brincar e interagir com os colegas da sua idade. Seu caso sempre foi tratado como de depressão. Somente aos 37 anos, ele descobriu que tinha a síndrome de asperger, condição do espectro autista. “Quando criança, os autistas com nível de suporte leve acabam passando despercebidos da maioria dos médicos porque aparentemente eles têm uma funcionalidade maior”, diz Almeida, que coordena o Simpósio Internacional de Inclusão no Ensino Superior, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, entre 29 e 31 de março, por conta do Dia do Autismo (2 de abril).

Guilherme de Almeida, aos 37 anos, teve o diagnóstico de autismo nível de suporte 1. Foto: Renan Vitorino

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Em seu percurso para cuidar da saúde mental, relata que encontrou uma série de pessoas despreparadas até achar profissionais competentes. As avaliações psicodiagnósticas, bem como os acompanhamentos com psiquiatras, psicólogos e neurologistas são um combo caro para familiares e autistas arcarem.

O diagnóstico na fase adulta ajudou Almeida a compreender episódios marcantes de sua vida: “Entendi que eu não era uma criança medíocre, mas sim alguém com dificuldades e impossibilidades típicas do autismo. Comecei a fazer as pazes comigo. Certas coisas no campo dos relacionamentos amorosos ou profissionais que não deram certo, situações que passei que tiveram alguns desgastes maiores tinham uma razão de ser. Não era porque eu não me dediquei o suficiente”.

Ele passou a desenhar algumas estratégias para ter qualidade de vida. Almeida tem hipersensibilidade olfativa e sonora. Uma ida ao mercado, ou no shopping, ao happy hour, pode ter efeito muito negativo nele, assim como a sala de cinema. Conta que tem movimentos involuntários com a mão, como se estivesse regendo uma orquestra. “Não é um prelúdio de crise nem nada disso, é uma forma do meu corpo se autorregular. Preciso desse movimento para poder ficar bem.”

Na lida com pacientes no dia a dia, o psicólogo e psicanalista Milson Santos, que é também acompanhante terapêutico, tem visto um crescimento no diagnóstico de autismo nos últimos tempos. “Muitos desses diagnósticos estão sendo feitos de maneira leviana, rápida, sem aprofundamento. O que gera aí bastante polêmica”, diz. Para ele, a terapia com autistas deve focar na pessoa e não no diagnóstico. “É preciso construir um espaço de escuta e de conversa para que essa pessoa viva no mundo de sua forma única”, resume.

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Milson Santos em seu consultório em São Paulo. Foto: Milson Santos

Já André Torres, mestre em Psicologia pela PUC de Campinas, explica que os critérios para diagnosticar autismo estão no Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM, e que é preciso ir a fundo na investigação do sintomas, pois as doenças psíquicas em alguns casos podem estar juntas ou podem se confundir. “Fazer várias sessões e entrevistas com paciente e familiares, discutir em supervisão cada caso com equipe de profissionais, são etapas importantes do diagnóstico”.

Dionisio Neto grava últimas cenas em Aparecida; ele vive um peregrino latino-americano no longa

O ator Dionísio Neto está a caminho de Aparecida onde irá gravar as últimas cenas do filme As Aparecidas, de Ivan Feijó, na pele de um peregrino latino-americano. Ele atuará em espanhol no último filme protagonizado por Eva Wilma. Seu personagem é um místico andarilho que prestará homenagem à Virgem devido a um milagre que aconteceu em sua vida. O filme tem previsão de estreia para o segundo semestre. O ator também poderá ser visto no Festival de Curitiba onde levará sua Trilogia da Solidão composta por Carta ao Pai,Os Sofrimentos do Jovem Werther e Ela.

Bloco de notas

AMARULA VEGANA.O licor Amarula lança versão vegana no Brasil e collab de moda com a Another Place. O novo sabor foi a inspiração para o desenvolvimento da coleção cápsula criada pela marca.SALÃO LITERÁRIO. The School of Life lança seu primeiro salão literário no dia 28. Serão 10 encontros, um por mês, até o fim do ano.

MISSÃO PORTUGAL. No próximo dia 18 de abril, a Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo recebe a Missão Oeiras Valley. O objetivo do evento é apresentar aos empreendedores brasileiros o ecossistema de negócios, ciência e tecnologia da região.

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