Dentro de um ônibus em meio à natureza, mas sem perrengue. Essa é a proposta de hospedagem criada por Marcelle Rocha Martins, 34. Inspirada em locais vistos por ela nos Estados Unidos e em alguns lugares do Brasil, a administradora comprou e reformou um ônibus Mercedes de 1974 transformando-o em um local com quarto, salinha, cozinha e banheiro em uma chácara em Águas de São Pedro, a cerca de 180 km de São Paulo.
“Eu penso nisso desde que assisti ao filme Into The Wild (Na Natureza Selvagem). Depois fui para o deserto do Atacama (Chile) e conheci um ônibus que era usado por trabalhadores e se transformou em um ponto turístico. No Brasil, vi que um local chamado Rancho Punta Blanca fez uma coisa assim. Aí, resolvi colocar em prática e lancei no Airbnb”, diz.
Sem ter experiência prévia no ramo da hospitalidade - ela trabalha em uma empresa de cosméticos - Marcelle comprou o automóvel por meio de um anúncio no Facebook. Só depois de ter feito o negócio, percebeu que a lataria do ônibus estava completamente destruída. “Tomei calote de um primeiro funileiro e quase desisti do projeto. Arrumei um outro que reformou o exterior e depois um arquiteto projetou o interior”, conta.
O ônibus conta com aquecimento, ar-condicionado, cama tamanho queen, vitrola - que reforça ainda mais o ar vintage - e um projetor. No lado de fora, há espaço para churrasco, espreguiçadeiras, redes para descanso e banheiras vitorianas com água quente.
A ideia é que o hóspede tenha uma experiência diferente, parecida com a do glamping - acampamento em que não se abre mão do conforto. “Eu nem ia colocar wi-fi para facilitar a imersão das pessoas na experiência, mas sem wi-fi ´é difícil, né”, ri.
A mini-biblioteca do local também tem o objetivo de colocar os visitantes no clima. “Tem, claro, uma cópia em inglês do Into The Wild e um livro sobre o conceito japonês do wabi-sabi, que prega a aceitação da transitoriedade e da imperfeição dos objetos e dos seres humanos”. Segundo ela, o único perrengue é para quem tem mais de 1,84m de altura. “É que essa é a altura do ônibus. Quem é mais alto que isso não vai conseguir ficar de pé”.
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