Maxwell Alexandre expandiu o conceito de rolezinho. Para ele, a palavra - que via de regra significa um passeio pelo bairro com uma turma - se transformou em algo um pouco maior. Desde o ano passado, o artista, que cresceu e ainda vive na Rocinha, leva jovens de comunidades para visitar suas exposições. Em março, por exemplo, cinco pessoas foram com ele para Paris, onde sua mostra Novo Poder estava em cartaz, no Palais de Tokyo.
"Eu sabia que para a maioria dos convidados, que eram daqui, da favela da Rocinha, seria a primeira experiência de voar e de sair do Brasil. Isso mexe muito com a cabeça. Alugamos uma casa grande e ficamos todos juntos por cinco dias", conta o pintor.
Revelação das artes plásticas - suas telas chegam a valer US$ 100 mil - Maxwell enxerga o rolezinho como uma oportunidade de aumentar a presença física de negros em seus vernissages. O esforço, presente desde o início do seu trabalho, não é tarefa fácil.
"As galerias são espaços hostis, como lojas de jóias caras, a gente não é bem vindo nesses lugares. De qualquer forma, eu acredito que a arte contemporânea é, a longo prazo, o campo mais interessante de construção de um futuro de poder para um povo, porque é onde o capital intelectual e simbólico está concentrado, mais do que o financeiro até".
O carioca não conta com nenhum patrocínio para manter o projeto, mas já tem seus próximos rolês definidos. No fim do ano ele expõe no centro cultural The Shed, em Nova York, e em fevereiro de 2023 terá uma exposição solo na Casa Encendida, em Madrid. A companhia já está garantida.
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