Bob Burnquist vai participar de uma aula do seu instituto Skate Cuida, no festival Itacoatiara Pro, em Niterói, no dia 8 de junho. O recordista do skate brasileiro, com 30 medalhas obtidas no campeonato mundial X-Games, lembra que ganhou seu primeiro skate no seu aniversário de 11 anos e que sua infância foi uma loucura, “me quebrava” e “não tinha muito medo”.
Já o seu primeiro gesso foi antes mesmo de saber andar. Ele pulava na cama e nos móveis. Sua mãe, Dora Silva, tinha medo de altura e de um monte de coisas, segundo Bob, mas não transmitia esses receios ao filho. Ela ficava nervosa com as manobras e a energia do filho para o esporte, mas não conseguia contê-lo.
Além disso, quando se machucava, Bob tinha a tática de ir direto para o posto de saúde, colocar o gesso sem avisá-la para resolver logo o problema. Hoje, no papel de professor e palestrante, ele reflete que a superproteção pode prejudicar: “Quando você cria uma criança com muitas preocupações, você acaba criando traumas nela, o que pode resultar em jovens e adultos com medo no futuro”.
“Minha mãe usava o skate como ferramenta para me educar e hoje fazemos a mesma coisa”, diz ele, que promove projetos sociais com o projeto Skate Cuida e estará no Itacoatiara Pro, a convite de seu amigo e um dos organizadores Bill Aquino.
Além de paraquedista e surfista, Bob é faixa roxa de jiu-jitsu, esporte que dialoga com o skate: “Está sempre no chão, né? Eu gosto muito de saber sair das situações, usando a energia que você entrou. Se eu cair e parar, vou ter que gastar energia para levantar, mas se eu cair e já usar a mesma energia para ficar em pé, economizei, e tudo isso vem da sabedoria”.
Sobre a Olimpíada de Paris, que começa em 26 de julho, ele, que já foi convocado para ser comentarista da modalidade na edição passada e está em conversas para repetir o feito, diz: “O skate brasileiro é forte, os nomes são bons. Então, você terá uma expectativa de a galera se dar bem. O mais importante é o atleta representar sem arrogância, sem falar besteira”.
Ele analisa ainda o clima da modalidade: “Na competição da última Olimpíada, a forma como os atletas torciam uns pelos outros era completamente diferente do que em outros esportes. Então, é uma galera mais unida. É importante continuar transmitindo essa mensagem”.
“A gente está muito bem representado, né? Eu gosto de mencionar sempre o Pedro Barros também, porque ele vem construindo uma história muito legal no park e no street. Ele andava na megarampa conosco e era uma criancinha nessa época”, finaliza.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.