Luca Cohen já estudava de forma amadora o cultivo e os efeitos da cannabis quando resolveu se mudar de vez para o Uruguai, em 2013. A decisão veio de uma proposta do pai, o galerista Mario Cohen, que queria que Luca tocasse a operação de cultivo de azeite da família.
Apaixonado pelo país - que ele já frequentava desde criança, quando passava as férias por lá- Luca fincou raízes na fazenda da família, localizada no arredores de Punta Del Este, perto do hotel Fasano Las Piedras. Coincidentemente, foi neste mesmo ano que o Uruguai resolveu legalizar a maconha, e o paulistano acabou vendo ali uma oportunidade de negócio que ia além das oliveiras. “Comecei a analisar quais eram as oportunidades nesse mercado da cannabis e o que me atraiu foi a parte medicinal”, explica ele.
Corta para 2023. Depois de 10 anos lidando com os trâmites legais da implementação do negócio, Luca e mais três sócios - todos brasileiros - estão na sua terceira safra de cannabis para fins medicinais, a primeira que será de fato transformada em óleo de canabidiol. O grupo trabalha em parceria com um laboratório suíço e pretende exportar a produção para o Brasil.
“Não foi nada fácil porque é muito burocrático. Existe uma preocupação muito grande de saber a origem do dinheiro para a abertura dos negócios. Muita gente que pensou em trabalhar nesse mercado acabou desistindo pelas dificuldades”, diz.
A fazenda, do grupo Heluz, tem cinco hectares e produz oito mil plantas ao ano em cultivo outdoor. A primeira exportação para o laboratório na Suíça ocorreu neste mês e foi de cerca de uma tonelada de matéria vegetal. A princípio, o projeto era somente cultivar e fornecer a matéria-prima, mas o grupo resolveu ampliar a operação.
“Nós criamos um vínculo com o laboratório suíço e conseguimos chegar até o produto acabado com certificado farmacêutico”, diz Luca. O público-alvo são os brasileiros que importam diretamente o produto após passarem por um médico que prescreve o óleo.
Luca conta que na sua operação, os estudos genéticos das plantas são voltados para o desenvolvimento do CBD, que age em problemas como insônia, ansiedade e epilepsia. “Antes, no Brasil, muita gente achava estranho quando se falava em cannabis como remédio, mas hoje está bem difundido. Já vi mães emocionadas falando sobre a evolução no quadro de filhos com epilepsia que se trataram com CBD”, diz.
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