Na viagem que fez a Nova York na semana passada, já como presidenciável do PSDB, o governador João Doria levou o porta-voz do seu plano de governo econômico, Henrique Meirelles, e a secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Patricia Ellen, a todos os encontros da InvestSP com investidores e autoridades.
Não foi por acaso. Embora faça mistério sobre os seis nomes que farão parte da equipe que vai elaborar seu programa de governo na área, o tucano já avisou que mulheres estarão no grupo. E, pelo que apurou a coluna, Patricia deve ser uma delas, embora a secretária diga que nada conversou com o governador sobre isso.
Patricia esteve em dez viagens internacionais ao lado de Doria como governador. Entre elas, visitas aos EUA, China, Japão, Emirados Árabes e os encontros econômico e ambiental realizados em Davos e Glasgow. "A diversidade dos destinos mostra que se trata de uma visão democrática, não ideológica. O resultado dessa estratégia: enquanto a economia brasileira patinou, acumulando recessão e instabilidade institucional, São Paulo cresceu três anos seguidos", afirma a secretária.
Nos bastidores, Patricia, que faz parte de grupos de renovação política, é vista como uma aposta eleitoral e eventualmente até uma candidata a vice, mas quando perguntada, ela desconversa. "A política para mim nunca foi um fim mas um meio de exercer meu propósito de combater desigualdades com projetos concretos e de impacto", avisa.
Machismo na política
Mas não desconversa se a pergunta é se há machismo no governo. "Temos que reconhecer que há um machismo, não no governo em particular, mas na política como um todo. A política é uma extensão de uma sociedade ainda machista, racista, desigual e com dificuldade de aceitar a diversidade, apesar de todos os avanços. Na vida pública, esse problema se torna mais grave, porque se lida com espaços (e disputas) de poder".
Em 2022, ela tem missão estratégica no Bandeirantes: fazer a interlocução com os dez Estados brasileiros que estiveram na Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (COP-26), em Glasgow, e integram o projeto Amazônia + 10, que é um contraponto ao governo Jair Bolsonaro. Dessa iniciativa fazem parte São Paulo e os nove Estados da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins).
Nessa direção, os chefes dos executivos apresentaram um edital conjunto com valor mínimo de R$ 100 milhões, a serem disponibilizados pela Fapesp - que é subordinada à pasta de Patricia, para projetos de pesquisa na Amazônia Legal. A meta é atrair R$ 500 milhões. "Patricia é uma das peças fundamentais nas missões empresariais da InvestSP", diz Gustavo Junqueira, presidente da InvestSP.
| PEDRO VENCESLAU
O repórter viajou a convite da InvestSP
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