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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

‘Eu não acredito na arte que não esteja conectada com o que acontece no mundo’, diz Emanuelle Araújo

Atriz e cantora está nos filmes ‘O Barulho da Noite’ e em ‘O Meu Sangue Ferve Por Você'

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Foto do author Gilberto Amendola
Atualização:

Questionada sobre a quantidade de trabalhos que abraçou nos últimos tempos, a atriz e cantora Emanuelle Araújo, 47 anos, responde com tranquilidade: “Mas trabalhar muito é bom, não é?”. Com fôlego e leveza, Emanuelle está em projetos como os filmes O Barulho da Noite (em que interpreta uma mulher ‘castigada’) e o longa sobre a vida de Sidney Magal (O Meu Sangue Ferve Por Você). Na vida de cantora, tem defendido canções de Rita Lee em apresentações com a Orquestra Imperial. Na entrevista a seguir, ela fala sobre como consegue equilibrar todos esses ‘pratinhos’ e muito mais.

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Como você consegue conciliar tantos trabalhos?

Essa vida de artista nesse Brasil é uma coisa muito doida, né? De fato, muitas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo. Mas cada trabalho tem o seu momento. Esse é o grande exercício nessa carreira plural que eu venho buscando. Mas trabalhar muito é bom, não é? Ainda mais depois de tantos problemas culturais que a gente teve no Brasil.

Deve ser um desafio manter o foco...

Eu aprendi a focar muito no presente. Nesta semana, tive uma noite importantíssima para mim na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, com a exibição do filme O Barulho da Noite. Em momentos como esse, eu não estou pensando em nenhuma outra coisa. Aquele momento é daquele projeto – e toda minha real conexão é com ele.

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Conte um pouco sobre O Barulho da Noite...

A gente rodou em 2018, nos arredores de Palmas, no Tocantins. Esse é um Brasil que eu não conhecia – claro que como cantora eu já cantei por aquelas bandas, mas eu nunca tinha mergulhado no sertão tocantinense. O filme é dirigido por Eva Pereira. É um filme que fala sobre aspectos duros da nossa realidade, que aborda a violência contra mulher e, principalmente, a violência contra mulher em lugares muitas vezes invisíveis.

Acredita na arte como ferramenta política?

Eu não acredito na arte que não esteja conectada com o que acontece no mundo. Eu acho que a arte precisa estar se misturando, revolucionando e catalisando todos os acontecimentos sociais.

Você também fez a trilha do ‘Barulho da Noite’. As carreiras se misturam...

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Confesso que durante um tempo eu tentei separar bastante. Eu achava que precisava dar uma separada para viver as duas coisas intensamente. Mas agora tenho vivido um momento em que essas carreiras se entrelaçam. Acho bom, que esse dois lados se misturem.

Emanuelle Araújo canta Rita Lee com a Orquestra Imperial Foto: Pablo Grotto

E o filme do Magal? Você já era fã dele?

O Magal é um ídolo da música que eu tenho desde criança. Não é que eu fosse apaixonada pelo Magal, eu queria ser o Magal. Eu passava os dias vestidas com a roupa do meu irmão, tinha um cabelinho meio black power. Eu passava o dia imitando o Magal. Eu acho que ele sempre foi um cara que inspirou liberdade.

Com a Orquestra Imperial você tem cantado um repertório da Rita Lee. Quais são as cantoras da sua vida?

Não tem como não começar citando essas baianas extraordinárias, como Gal Costa e Maria Bethânia... Isso é uma coisa muito da casa do meu pai. Ele era um músico amador, um violeiro sertanejo. Na minha casa, a música popular brasileira era muito forte. Meu pai tinha muito fascínio por cantoras. Maria Creuza, Clara Nunes, Doris Monteiro.... A própria Rita, né? Neste projeto da Orquestra, percebi o quanto a Rita faz parte da minha forma de pensar.

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Como é a sua relação com o carnaval?

Eu gosto mais de ficar embaixo do trio do que em cima. Eu amo carnaval. Agora, eu gosto do carnaval na época do carnaval. Essa coisa de passar o ano inteiro no carnaval é que não cabe para mim. Fui muito questionada por isso, até pelo sucesso da EVA (Banda Eva).

Você mora há 20 anos no Rio de Janeiro, como sente essa questão da violência. Tivemos o caso recente dos ônibus queimados...

Eu criei uma conexão de amor com o Rio de Janeiro. Eu acho uma grande pena que a gente viva num lugar tão bonito, tão maravilhoso, mas ainda mergulhado nessa questão das milícias, nessa violência e desigualdade social. Faltam políticas públicas para que a gente tenha mais capacidade de lutar contra essa violência.

Como é a relação com sua filha?

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Minha filha tem 29 anos. Eu fui mãe muito jovem, aos 16 anos. Ela é uma mulher muito inteligente e que tem um estudo profundo dentro do universo da psicanálise. Nossa relação é maravilhosa, de muita cumplicidade e troca.

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