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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

‘A vida pode não ser segura dentro do condomínio’, diz Luis Lobianco sobre a série ‘Os Outros 2′

Na pele de Seu Durval, o ator analisa nova temporada e conta como o teatro o ajudou a recuperar a autoestima após a morte da mãe na infância

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Atualização:

A segunda temporada da série “Os Outros” estreia no dia 15 de agosto no Globoplay e uma das novidades é a entrada de Luis Lobianco. As histórias se desenrolam com os moradores do condomínio de casas de luxo Barra Star Dream.

Para ele, adentrar o microcosmo de um condomínio – onde há casas enormes, câmeras de segurança e carros revistados na portaria – foi uma realidade nova. Despontou no Porta dos Fundos, fez recentemente a novela global “Vai na Fé” e o programa “Vai que Cola”, ele mora em um prédio pequeno na zona sul do Rio de Janeiro, frequenta rodas de samba e a praia.

Luis Lobianco na pele de Seu Durval em 'Os Outros 2' Foto: Daniel Klajmic/Divulgação

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“Apesar de ser muito diferente da minha realidade, esse assunto me atrai ao mesmo tempo, explorar como essas pessoas pensam, o diferente para nós atores faz muito sentido. São pessoas que têm muito medo do mundo lá fora. A gente chegou a ver um documentário sobre moradores de Alphaville, em São Paulo, para se preparar para a série e eles justificam porque escolheram essa vida de morar naqueles condomínios e sempre têm muito medo nas falas, né?”, disse.

“Claro, que a gente vive sob um aspecto muito triste da violência urbana, mas não acredito que tantos muros protegem essas pessoas, pois tragédias também ocorrem nesses condomínios, nesses lugares, então não sei se o caminho é a gente sumir das ruas ou ocupá-las, com teatro de rua, por exemplo”, completou.

O personagem de Lobianco, Seu Durval, é marcado pela morte da mulher. Ele mora no Barra Star Dream com seu gato, frequenta um grupo de fé do condomínio e se torna próximo da vizinha Raquel (Leticia Colin). Acaba se envolvendo em uma cilada com o novo morador do local, Sergio (Eduardo Sterblitch).

“O Durval coloca na tela um tipo de pessoa que viveu seus traumas, suas perdas, e isso trouxe para ele uma fragilidade emocional que, em algum momento, se mistura com a fragilidade do cidadão que está em uma cidade violenta, que passa por cima de pessoas mais velhas”, conta.

Na segunda temporada, os conflitos não são tão físicos, tão bélicos, mas existe no ar uma tensão e uma insegurança psicológica. Nesse condomínio, mesmo com essa proteção toda do grupo de amigos, Durval ainda assim se vê em risco pela presença de alguém que representa a milícia. Isso desestabiliza os personagens.

Lobianco reflete sobre as preocupações do personagem: “O Durval tem medo de sair na rua, de ser assaltado, atropelado, enganado, ser vítima de algum golpe, alguma coisa assim. E ele se fecha nesse grupo, no condomínio, mas ao mesmo tempo os desdobramentos dessa trama mostram que ele não está exatamente seguro vivendo essa vida. Ele também está muito vulnerável dentro desse condomínio porque muitas vezes são lugares que a milícia está presente, as armas, e aí eu acho que tudo que eu falar mais é spoiler. A vida pode não ser segura dentro do condomínio”.

Contendo drama, suspense, terror psicológico e humor ao mostrar situações absurdas de forma sutil, as gravações foram feitas em um condomínio de casas na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro e em estúdios da Globo.

Lobianco, como ator, valoriza a dramaturgia ao escolher projetos. Gosta de personagens que surpreendem. Ele não é adepto a fazer stand up comedy, por exemplo, porque não se identifica com esse tipo de humor. A comédia, por outro lado, ele adora, pelo poder que tem de conquistar o público.

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Além disso, o ator, de 42 anos, diz que o humor o ajudou muito em vários sentidos. Após a morte da sua mãe por câncer, quando tinha seis anos, Lobianco se envolveu em atividades artísticas, desenho e desenvolveu uma habilidade para imitar as pessoas: “Houve a sensibilidade de pessoas que estavam ao meu redor que me potencializaram nesse sentido. O primeiro impacto quando a mãe não está mais ali é você perder a autoestima. Foi no teatro que eu consegui me fortalecer e me reerguer. O humor salva”.

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