Maria Gadú retorna aos palcos para celebrar sua carreira de mais de 20 anos. A cantora, que passou alguns anos estudando antropologia, história do Brasil e atuando com indígenas, está pronta para apresentar suas músicas no dia 20, no Tokio Marine Hall, em São Paulo.
Durante a conversa, Maria Gadú discutiu se sente necessidade de falar sobre homoafetividade nas letras de forma literal: “Eu sendo eu já é bastante coisa. A gente sabe como o país trata mulheres sapatões com esse meu estilo, né? Então para mim já é uma grande vitória poder cantar os amores que eu tive e os que tenho”. Arte, para Gadú, é ampla: “Há artistas que vão falar o que é necessário para eles assim, eu não sinto essa necessidade. Eu gosto de usar poesia de outra forma. Não é a forma como me expressaria para falar de amor”.
Quando questionada sobre se gosta da vida de artista, Maria Gadú compartilhou seus sentimentos ambíguos em relação à fama. “Nos últimos 10 anos, a arte e ser celebridade se confundiram muito. Às vezes, eu me sinto um pouco perdida no meio disso tudo. Gosto de fazer arte e do compromisso que tenho com a música. Quando faço um disco, um show, uma trilha, eu gosto da feitura disso, mas tem um monte de coisa que acho uma série de banalidades.”
Por fim, Maria Gadú revelou que sua pausa na carreira foi motivada por diversos fatores, como cansaço, depressão e o desejo de explorar novas áreas além da música. Desde jovem, ela nunca acreditou que a música seria seu único ofício e sentiu a necessidade de dedicar tempo aos estudos, algo que sempre gostou.
Ao falar sobre seu último álbum, “Quem sabe isso quer dizer amor”, ela revelou que é uma celebração de sua solidão como musicista e cantora. “Eu fui por muitos anos essa musicista que cantava sozinha nos bares. Então eu resolvi depois desses anos todos gravar um disco sozinha com essas canções e compositoras e compositores que eu amava.”
O show será uma celebração de toda a trajetória da cantora, desde os tempos de barzinho até sua discografia completa. Segundo ela, é um espetáculo bem celebrativo. Além de seus próprios sucessos, como “Shimbalaiê”, “Dona Cila” e “Bela Flor”, Gadú também interpretará canções de artistas como Marisa Monte e Gonzaguinha, que marcaram sua vida.
Quando perguntada sobre a diferença entre a Maria Gadú de hoje e a de 20 anos atrás, a cantora destacou a evolução de sua identidade artística. Ela lembrou que no início não tinha um nome artístico e usava seu nome real, Mayra. Mas tudo mudou com o lançamento de seu primeiro álbum, quando adotou o pseudônimo Maria Gadú.
Além disso, ela contou que passou por mudanças pessoais ao longo dos anos, como aprender a respeitar mais seus limites e ser mais seletiva em suas escolhas.
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