Para tirar do papel o sonho de trazer ao Brasil uma produção da Broadway é preciso combinar as burocracias de direito autoral, uma equipe de 250 pessoas e muita criatividade para cativar o público. E é essa combinação que a produção inédita de Matilda no País irá buscar para surpreender o público com um musical totalmente repaginado, como promete o produtor Vinicius Munhoz. O musical estreia no dia 18 de outubro no Teatro Claro e estará em cartaz até dia 23 de dezembro.
Chamado de “sonho dourado” por Vinicius, as conversas para produzir Matilda no Brasil acontecem há anos entre os três sócios do Atelier de Cultura. “Sem a gente se conhecer e sem saber o que nos esperava no futuro, tínhamos assistido no mesmo ano, em 2013, Matilda em Londres. Desde então, na verdade, estamos batalhando pelo título. Não estou exagerando quando digo que há 10 anos falamos em produzir Matilda no Brasil”, confessa o produtor, destacando que o processo para conseguir os direitos autorais passa não somente pelo investimento financeiro, mas por uma série de comprovações que a versão brasileira precisa garantir para o detentor dos direitos.
Com apenas a coreografia original mantida na encenação brasileira, a produção da BIC em parceria com o Atelier de Cultura irá apresentar um espetáculo totalmente repaginado, desde a concepção cênica até a iluminação. A história gira em torno da menina brilhante com pais desnaturados que esquecem de a matricular na escola. Ao chegar a Crunchem Hall, ela e seus colegas são duramente repreendidos pela diretora Agatha Trunchbull a todo momento. É então quando ela descobre que possui poderes mágicos.
Além de efeitos especiais aprimorados que farão uma menina de 8 anos fazer mágica no palco, o público irá se deparar com o Teatro Claro reformado para receber a produção. Como revela Vinicius, duas fileiras foram retiradas da plateia para aproveitamento de cenário, além de mudanças nas coxias. O produtor adiantou algumas novidades estruturais que os fãs podem esperar do musical, como um cenário que se mescla com o público, plataforma giratória importada da Holanda e até um balanço que irá sobrevoar a plateia durante o clássico número musical de ‘When I Grow Up’ (Quando eu crescer).
“É um cenário nunca visto. Se inspira de alguma forma neste universo das letras, da educação e dos livros. Tem essas referências ainda que são características da produção original, mas é só inspiração. Quando a pessoa estiver dentro do teatro e ver, não vai conseguir nem conectar uma coisa com outra por ser tão diferente o desenho do cenário”, explica, destacando que o processo de desenvolvimento da cenografia iniciou em janeiro.
Equipe conta com nomes conhecidos do teatro musical
A montagem, que já está com ingressos a venda, conta com nomes consagrados do teatro musical na equipe, como direção de John Stefaniuk, efeitos especiais assinado por Skylar Fox, mágico designer responsável pelos efeitos de Harry Potter e a Criança Amaldiçoada; Peter Darling, coreógrafo original de Matilda, e músicas assinadas por Tim Minchin.
Para dar vida a menina genial e levada, foram escaladas quatro atrizes diferentes, são elas Belle Rodrigues, Luísa Moribe, Maria Volpe e Mafê Diniz. As atrizes mirins integram os três elencos infantis que somam 28 crianças. Sobre o trabalho com crianças, Vinícius revela que optaram trabalhar com uma ‘Matilda’ a mais do que o comum. A quantidade de crianças escalada também foi pensada para atender a demanda de sete sessões por semana dentro do que a Lei diz sobre o trabalho infantil no teatro.
Entre o elenco adulto, há nomes como Cleto Baccic, que irá interpretar Agatha Trunchbull e também é produtor do musical; Fabi Bang como a Srta. Honey e Myra Ruiz como Sra. Wormwood. Saindo direto de Oz com Wicked para o ambiente escolar de Matilda, os atores agora enfrentam novos desafios de interpretação, é o que aponta Vinícius. A montagem também conta com o ator Fabrizio Gorziza como Sr. Wormwood e Mari Rosinski como Sra. Phelps.
“A Myra agora será um personagem cômico do espetáculo, figura que normalmente é a Glinda (personagem interpretada por Fabi Bang em Wicked). A Fabi interpretará um personagem muito mais introspectivo e dramático. O mesmo vale para o Baccic; ele já passou por 1 milhão de personagens, mas Agatha Trunchbull é a chance do personagem da vida dele. A forma como as coisas estão se desenvolvendo dentro da sala de ensaio é brilhante”, comenta.
Dos mesmos produtores de Wicked, a produção espera repetir o sucesso entendendo os desafios que um novo projeto impõe. Isso se mantendo fiel a história original de Roald Dahl’s, mas com pitadas de criatividade brasileira nas soluções encontradas e com a emoção que será colocada em palco: “é uma história muito potente que se conecta com as plateias de forma como poucas coisas fazem”.
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