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‘Não mexo no meu pé de galinha’, diz Danton Mello ao fazer balanço de quase 40 anos de carreira

Para ele, as linhas de expressão são ferramentas de trabalho do ator; discute ainda paternidade, pesadelos e convite para estrelar novela da Globo

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Foto do author Paula Bonelli

Em fase de formar elenco, Garota do Momento, a próxima novela da Globo da faixa das 6, convidou Danton Mello, 49, que analisa a proposta e está inclinado a aceitar. No set, o ator diz ser pontual e dedicado. Quando tem pesadelo, porém, sonha que chega atrasado para gravação. Leva bronca do diretor. Esquece o texto. Não consegue responder as perguntas de Jô Soares durante uma entrevista.

Com uma carreira de quase 40 anos, o artista garante: “Nunca vou mexer no meu pé de galinha, vou envelhecer assim. Quero minhas expressões na testa. Sou ator, trabalho com isso”. Confira a entrevista concedida por videoconferência à repórter Paula Bonelli na última quarta-feira.

Danton Mello  Foto: Neto Ponte

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Como foi o convite para fazer novela ‘Garota do Momento’?

Saiu na imprensa que faço parte do elenco, mas só recebi um convite e fiquei muito feliz. Não posso dar spoiler. Eu adorei o meu personagem, o meu núcleo, é uma novela de época. Tenho muita vontade de trabalhar com a diretora Natália Grimberg, mas estamos conversando ainda. Estou muito tentado a aceitar porque ano que vem completam 40 anos que fiz ‘A Gata Comeu’ e seria incrível estar no ar em uma novela das 6 como foi lá na minha estreia na TV.

Você também atua no filme ‘Mãe Fora da Caixa’, com previsão de estreia no cinema em setembro.

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Sim, é uma comédia com a Miá Mello. Ela fez a peça, um monólogo, que foi um sucesso e quando resolveram produzir o filme, criaram o personagem do marido e é muito divertido porque mostra os perrengues do casal tendo o primeiro filho. Quem já passou por isso vai se identificar com as noites mal dormidas, com todos os questionamentos que um filho traz.

Considera-se um pai dentro ou fora da caixa?

Os dois... Tem que ser dentro e fora. Não existe manual para ser pai, né? É muito difícil criar um filho, educar… Minhas filhas hoje têm 23 e 20 anos, são duas mulheres muito educadas, muito generosas. Elas moram fora do Brasil. A mãe recebeu uma proposta de trabalho há 10 anos, e me pediu para levá-las. E foi um sofrimento para autorizar, mas a gente cria o filho para o mundo. E sempre passamos as férias juntos, estou sempre lá ou elas aqui.

Você já se deslumbrou com o sucesso?

Eu nunca me deslumbrei com o sucesso, eu só conto histórias. Mas gosto das pessoas pedindo para tirar fotos, quando elas me param na rua para conversar porque vejo que acompanham e curtem o meu trabalho. Há duas semanas eu estava em uma festa junina e fazia tempo que as pessoas não falavam comigo. Tinha uma senhora de 90 anos que viu todas as minhas novelas. De repente, veio um grupinho de três adolescentes, e eu fiquei surpreso. Eles tinham visto o filme Biônicos, na Netflix.

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É adepto de procedimento estético?

Não faço, só passo protetor solar. Fui recentemente numa dermatologista. Ela falou para eu me cuidar, mas eu nunca vou mexer no meu pé de galinha, vou envelhecer assim. Quero minhas expressões na testa. Sou ator, trabalho com isso.

Qual balanço você faz da sua trajetória de ator com quase 40 anos de carreira?

Eu tenho muito orgulho de tudo que fiz, da história que construí. Acho que é uma carreira muito bem equilibrada entre televisão, onde eu comecei, e depois teatro e cinema. São mais de 20 novelas, de 20 filmes e também 20 peças.

Você fez a sua primeira novela ‘A Gata Comeu’, aos 10 anos, depois deslanchou em ‘Malhação’, fez ‘Tieta’ e ‘A Viagem’. Faria tudo igual?

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Sim, faria tudo igual. Comecei antes até, era ator mirim de comerciais da época ali da Angélica e do Rodrigo Faro. Fui para o Rio de Janeiro em 1984 porque o meu irmão Selton foi convidado para fazer uma novela. E logo no ano seguinte eu fui chamado para fazer A Gata Comeu. Gosto dos personagens que fiz, das pessoas que conheci. A nossa profissão é muito louca. Quando era criança eu sofria muito nas despedidas das novelas. Quando acabou A Gata Comeu, não acreditava que tinha acabado. Havia amizades, um carinho com o elenco. Eu fui assim entendendo que, na verdade, essa profissão é feita de encontros e reencontros.

Já sonhou com os seus papéis?

Eu já sonhei com coisas dando errado no meu trabalho. Às vezes, eu estou prestes a gravar uma novela e a aí na véspera eu tenho pesadelos. Sonho que chego no set atrasado, tomo bronca do diretor, não sei o meu texto. Sou muito dedicado, então acho que tenho esse medo e fica aquilo ali guardado. Até sobre entrevista já tive pesadelo. O Jô Soares falando alguma coisa para mim e eu não sabendo responder.

Para encerrar, você sofreu um acidente de helicóptero há 25 anos e foi resgatado ferido na região de Roraima. Depois disso, você mudou como pessoa?

Caramba, o acidente me mostrou que a vida é muito breve. Posso sair daqui, tropeçar na escada, bater a cabeça no chão e morrer. Então, é preciso se cercar de pessoas que a gente ama, praticar o bem, ser feliz.

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