Aos 68 anos, Oswaldo Montenegro fechou-se em copas. Não quer falar com a imprensa, encontrar pessoas, tampouco ir a eventos sociais. No entanto, ele é o homenageado do Prêmio da Música Instrumental no Tokio Marine Hall em São Paulo. Os participantes têm que enviar versões de canções dele para concorrer. O evento distribuirá R$ 210 mil para os finalistas. Montenegro se apresentará durante a final em 10 de outubro. O cantor e compositor só tem saído da toca para realizar shows, ensaios e reuniões de trabalho.
“Oswaldo está completamente recluso, de assustar. A única exceção para a qual ele se abre é para os netos. O que os netos pedem ou precisam, Oswaldo acata e vai aonde for que precisem”, explica sua ex-mulher Madalena Salles, a Madá. “O tumulto, a aglomeração de pessoas, o barulho nunca foram agradáveis a Oswaldo. Ele apenas os suportava, e com esforço. Até que descobriu que não é obrigado a viver essas coisas”, completa ela, que o acompanha no palco com sua flauta.
Montenegro passa muito tempo em aviões, seja para as várias turnês, seja para visitar a mãe em São Paulo ou Belo Horizonte, onde atualmente está dirigindo um balé para o qual fez a trilha. Oswaldo também caminha muito todos os dias.
Como tem uma ansiedade crônica, ele busca a saúde gastando energia física. O artista ainda bate perna subindo escadas como método para “baixar a bola”. Montenegro mora em uma casa no Rio de Janeiro. Há um tempo, ele pintou as paredes de um apartamento, onde costuma gravar suas músicas e criar projetos, com muitas pinceladas coloridas.
Segundo Madá, não houve nada em especial que levou Montenegro a cultivar mais o silêncio: “Aconteceu que ele descobriu que não precisa fazer o que não gosta. Aconteceu que ele se libertou”.
Já a empresária do cantor, Kamila Pistori, também aponta que o artista quer respeitar mais seu fluxo pessoal: “Sinto Oswaldo completamente encontrado consigo mesmo. A idade e o amadurecimento propiciaram a ele uma libertação das coisas que fazia apenas para agradar pessoas, cumprir e atender expectativas. Só que o tempo passa, a vida voa, e acordar para isso sem que seja ‘tarde demais’ eu considero uma dádiva na vida dele. Foi uma epifania!”
Ainda de acordo com Kamila, Montenegro aprendeu desde cedo, com os pais, que o afeto salva, e esse, sim, deve ser priorizado e cultivado. “Todos os dias pessoas são demitidas, acometidas por enfermidades ou perdem pessoas que amam. Mas se você tem um núcleo de afetos em que pode contar sempre, a vida ganha um outro sentido, com bases sólidas. As pessoas queridas não vão te abandonar se você deixou de ser famoso ou coisas do tipo”, conclui a empresária.
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