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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Piso de peroba rosa por onde passaram artistas ilustres é colocado à venda por irmãos

A madeira é resquício do espaço físico do centro cultural b_arco, que dará lugar a um novo empreendimento imobiliário em Pinheiros

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Foto do author Marcela Paes
Atualização:

Cerca de 50 metros de piso de peroba rosa – onde já pisaram nomes como Caetano Veloso, Augusto de Campos, Lygia Fagundes Telles, Jorge Furtado, Anna Muylaert, Jorge Mautner e muitos outros – estão à venda. Rica em história, a madeira nobre é resquício do espaço físico do centro cultural b_arco.

Os irmãos Gabriel e Jiddú Pinheiro, proprietários e administradores do b_arco.  Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

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Desde 2006 localizado em Pinheiros, o local dará lugar a um novo empreendimento imobiliário na área. “Durante a pandemia nós, como todo mundo, migramos pro online e deu muito certo. A ideia não era fechar, mas os proprietários do terreno receberam uma proposta para vendê-lo. Mesmo assim, o b_arco continua muito vivo”, disse o ator e roteirista Jiddu Pinheiro, um dos criadores e administradores do espaço, junto com o irmão, o também ator Gabriel Pinheiro.

Conhecido pelos cursos livres de literatura, escrita criativa e cinema, o b_arco surgiu como uma empreitada familiar. O espaço ficava ao lado da Galeria Virgílio, de Izabel Pinheiro, mãe da dupla, e do ateliê do pai, o artista plástico Osmar Pinheiro, e se firmou com um polo cultural da cidade, unindo artistas de todas as áreas. Era a ‘casa’ de eventos icônicos de SP, como a Balada Literária, de Marcelino Freire.

“Nós convidávamos pessoas que admirávamos para dar aula lá e eles tinham toda liberdade para montar os cursos do jeito que quisessem. Fomos um dos primeiros locais a oferecer cursos livres. Também fomos palco de encontros incríveis, como o dia em que o Caetano foi participar de uma Balada e conheceu o Glauco Mattoso lá”, conta Jiddu.

Antes da pandemia, o b_arco chegou a receber 2 mil alunos presenciais por ano e no online, que continua ativo, 4 mil. Para Jiddu, vender o piso é, além de uma medida ecológica, uma forma para que aquele chão continue existindo. “Essa madeira carrega a alma daquele espaço”, afirma.

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