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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

‘Sempre fui muito rígida comigo mesma, de uma maneira cruel’, diz Mariana Goldfarb

A segunda temporada de seu videocast, C/ALMA, reflete processo de autoconhecimento da influencer e apresentadora que, agora, se ‘permite errar’

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Foto do author Marcela Paes
Atualização:

Partindo de um processo de autoconhecimento, o videocast C/ALMA, de Mariana Goldfarb, funciona quase como uma sessão de terapia em público em que tanto ela, como as convidadas, conversam, como conta Mari, sobre temas e questões nem sempre fáceis de lidar. No C/ALMA, que estreia sua segunda temporada na terça (24), a própria apresentadora – que faz análise em privado três vezes por semana – também expõe suas questões.

“Têm assuntos que são mais densos e complexos, mas acho que isso faz parte do que eu escolhi, que é trazer as coisas que eu vivi pra fora”, diz à repórter Marcela Paes. Leia abaixo a entrevista.

Mariana Goldfarb Foto: Gabriela Dall'agnol

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Como foi a sua transição de carreira para esse lado mais voltado para a comunicação, com a criação do videocast?

Aconteceu em paralelo com todo o meu aprofundamento nas questões de autoconhecimento e no tanto que eu procurei para me curar de verdade. Não é nem um pouco altruísta o podcast. Procurei esse meio para abranger mais assuntos e conseguir atingir mais pessoas, mas o motivo principal foi conseguir falar sobre as minhas próprias questões de uma maneira mais livre como mulher e como pessoa, passando por pontos que ainda estão no meu processo de cura.

É fácil dividir seus problemas com o público?

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É e eu acho que está ficando cada vez mais fácil. Quando eu exponho as minhas vulnerabilidades, me sinto mais forte. É óbvio que tenho receio de julgamento, não sou uma pessoa que não está nem aí pra o que os outros pensam de mim. Têm assuntos que são mais densos e complexos, mas acho que isso faz parte do que eu escolhi, que é trazer as coisas que eu vivi pra fora. A ideia é aumentar a nossa rede de apoio e poder falar sem tabus.

Você passou por um período em que lidou com um distúrbio alimentar. Acha que dividir isso com as pessoas pode ajudar quem tem o mesmo problema?

Totalmente. O distúrbio alimentar é um tema que eu estou sempre cuidando, é assunto de discussão na minha análise… Até porque isso é um sintoma também de questões mais profundas e enraizadas. Às vezes, eu sinto a questão do distúrbio alimentar de uma maneira mais aguda, não é uma coisa que ficou no passado. Quando a gente coloca luz sobre esses assuntos e sobre as nossas questões internas, os sintomas vão ficando mais brandos, e eu consigo também ser um canal para levar essas informações para as outras pessoas. Isso me fortalece.

A saúde mental ganhou espaço.

Eu realmente acho que estamos em um período muito crítico de doenças mentais, de ansiedade, de depressão e de cobrança extrema. Têm milhões de Instagrams com gente fazendo milhões de coisas super importantes e às vezes, ao ver tudo isso, nos sentimos insignificantes. Achamos que temos que chegar em tal lugar para sermos validados. Quanto mais a gente falar, mais vamos poder ressignificar isso.

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É importante quebrar o mito de que quem aparece numa foto, se divertindo numa praia, tem a vida perfeita?

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Sim e torço para que os meus colegas também façam isso. A gente acaba fomentando na cabeça de outras pessoas uma ilusão e isso não existe. Eu estou em um período em que estou errando muito e estou me permitindo errar. Sempre fui estritamente rígida comigo mesma, de uma maneira cruel. E também me comparo com outras pessoas e fico pensando ‘caramba, esse meio de comunicação ajuda, mas ele adoece também’. Temos que escolher com muita sapiência o que vamos consumir.

Você já caiu nessa armadilha de tentar mostrar uma vida perfeita?

Totalmente. 100%. E aquilo tava me matando, porque você meio que se afoga nas suas próprias emoções. Eu estava me afogando nas minhas próprias emoções e estava me esquecendo de olhar pro principal, pro cerne, para a minha essência, para a minha dignidade em detrimento de passar a ideia de uma vida perfeita, até porque isso não existe.

Você já disse que se incomodava, na época em que ainda era casada com o Cauã Reymond, quando as pessoas se referiam a você como ‘mulher do Cauã’. Como lidava com isso?

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Nunca gostei desse título de ‘mulher de’, nem de ‘filha de’. Eu sou a Mariana, eu tenho o meu caráter, os meus valores, sempre trabalhei desde nova. Eu gostaria muito que nós, enquanto sociedade, nos referíssemos às outras pessoas usando o nome delas. É uma coisa super machista, parece que a mulher só tem validade se ela está associada a alguém.

Se incomoda com a curiosidade das pessoas sobre a sua separação?

Não gosto muito de entrar nesse tipo de questão. O fim do meu relacionamento passado não foi uma decisão fácil, eu ponderei muito, mas a decisão foi tomada e estou num outro período da minha vida. Tenho outros assuntos que são mais importantes do que os meus relacionamentos. Mas, na época, foi uma decisão muito difícil e me orgulho que eu a tenha tomado.

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