Há 35 anos, Tania Bulhões abria sua primeira loja, ainda em Uberaba, Minas Gerais. De lá pra cá, a artista e empreendedora só viu o seu negócio crescer e transformar-se em um verdadeiro império do luxo – focado em peças de decoração, porcelanas, perfumes e, mais recentemente, até um restaurante e bar (localizados dentro de sua loja conceito, nos Jardins). Nesta entrevista, Tania fala do seu começo, suas inspirações e dos planos de internacionalização da marca. Leia a seguir:
Ainda se lembra onde tudo começou, da primeira loja?
Para mim é tudo muito claro. Nunca pensei em chegar aqui. Comecei em Minas pintando louça. Com 14 anos, vendia para vizinhos e parentes. Depois, abri uma loja pequena lá em Uberaba (Minas Gerais). Era uma lojinha na frente, escritório e um ateliê na parte de trás – onde eu pintava pratos, telas, móveis e tudo mais. Aí, eu vim aqui para Alameda Itu (São Paulo). Uma loja bem pequena, uma garagem. São 35 anos desde a primeira loja.
Por que veio para SP?
Meus clientes já eram de fora. Naquela época, Uberaba tinha uma feira e exposição de gado muito relevante. Então, tinham pessoas do Brasil inteiro que frequentavam a região. Depois da Alameda Itu, fui para Alameda Gabriel Monteiro da Silva. E, mais tarde, a loja conceito na Rua Colômbia. Cheguei aqui porque meu filho veio trabalhar comigo. Minha área é design mesmo. Sou artista, mas também sou empreendedora.
Em que momento sentiu que a marca iria decolar?
Foram dois momentos muito marcantes. Primeiro, quando eu passei a loja para a Alameda Gabriel Monteiro da Silva. Ali, eu consegui colocar uma coisa que eu acho super importante para a marca, o lifestyle. Eu sempre preservei duas coisas que, acredito, me trouxeram até aqui: qualidade e um estilo próprio. Eu acho que isso foi muito importante para essa virada. E, há oito anos, a outra grande virada, foi quando convidei meu filho (Virgílio Castro Cunha, CEO da Tania Bulhões), que era do mercado financeiro, para trabalhar comigo. Ele quem veio com a proposta de crescer, foi atrás de investidores...
O que é o luxo para você?
Três coisas que acho super importante para definir o que é luxo: qualidade, design e lifestyle. Eu sempre admirei o caminho que algumas marcas de luxo fizeram – que é o de se manter fiel ao longo do tempo com o próprio estilo. Essa coisa de seguir tendências é muito complicado para o luxo. Eu tenho visto marcas grandes que estão se perdendo. E, outras, claro, que conseguem manter o foco. Eu fico sempre atenta em relação a isso. Você tem que ser fiel ao próprio estilo e não abrir mão de qualidade. É difícil – porque qualidade exige preço. O mercado de luxo se define por qualidade e estilo próprio.
O que te inspira?
Uma coisa que acho importante dentro da minha história é a curiosidade que eu que me inspira é viajar e olhar o mundo, me inspira a natureza do Brasil, sair nas ruas, observar as pessoas. Eu sou uma viajante do mundo. Adoro novidades. Para além dos museus e das galerias, me interessa andar nas ruas e observar as pessoas. A França, por exemplo, é um lugar muito importante. Paris é uma segunda casa para mim. Tem relação com o meu trabalho e admiro a arquitetura e o movimento da cidade.
De onde surgiu a ideia da loja conceito, com bar e restaurante?
Eu adoro receber. Talvez isso venha da cultura mineira. Na minha casa sempre teve isso de reunião de familiar, de receber as pessoas. Eu venho deste convívio de mesa. Eu sempre pensei em proporcionar esse estilo de vida. Também, por ir muito para Paris, conheci muitos chefs por lá. Por isso, pensei em juntar essa experiência de um convívio com restaurante e bar. Neste contexto, essa semana a gente começa a promover um chá da tarde na loja. Tudo isso é um desafio. Porque restaurante é um outro negócio. Mas estou bastante feliz porque procuro criar experiências para os clientes.
Projetos para o futuro?
Estamos começando a organizar uma internacionalização da marca. Nos vamos abrir agora em dezembro um showroom em Nova York. Nossa internacionalização está sendo bem pensada porque, como boa mineira, quero dar um passo cada vez. Tem outro nicho que está aí no nosso horizonte que é a hotelaria. Ainda não é nada concreto, mas já tem uma, vamos dizer, uma cerejinha. Temos algumas propostas de ter um hotel com a marca e o nosso estilo. Mas ainda é muito embrionário. A gente tem um futuro muito grande pela frente. Eu me sinto muito jovem ainda. Eu quero trabalhar muito. Sou apaixonada pelo trabalho.
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