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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

‘Todo ano de eleição sou convidado a me candidatar a prefeito’, diz o apresentador Ronnie Von

Prestes a completar 80 anos, Ronnie também fala da passagem do tempo e diz qual seria, de fato, ‘a melhor idade’

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Foto do author Gilberto Amendola
Atualização:

Ronnie Von é um dos maiores artistas do bem-viver que essa coluna já teve o prazer de conversar. Prestes a completar 80 anos, ele sabe que o importante não é apenas “durar”, mas aproveitar as coisas boas que a vida tem, como um vinho de qualidade, uma taça de martini... Além disso, nesta entrevista, Ronnie fala também sobre sua aversão em polemizar no seu programa de TV, o Manhã do Ronnie, na Rede TV!. “A gentileza é um dever e eu não quero deixar uma pessoa de calça apertada ou saia-justa. Leia a seguir:

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Ronnie, não encontrei ninguém pra me contar uma polêmica, um deslize seu... Você se dá bem mesmo com todo mundo?

A nossa profissão é de vitrine. Você está exposto o tempo inteiro. É fundamental que você tenha um comportamento que fuja desta coisa clássica de quem trabalha com comunicação – que é ter síndrome de Deus ou síndrome de professor de Deus.

Você sempre foi avesso à polêmica?

A minha produção tem consciência disso: eu não polemizo. Todos têm o direito de ter as suas opiniões, de ter a sua atitude comportamental, que muitas vezes não coincide com a minha. Eu não polemizo, não discuto. Não tomo partido, mas sei que essa neutralidade pode ser profundamente discutível – porque todos nós temos os nossos demônios e nossos arcanjos também.

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Mas já abraçou polêmica?

A gentileza é um dever e eu não quero deixar uma pessoa de calça apertada ou de saia-justa. Já tentamos ser polêmicos uma vez e foi um equívoco muito grande, eu não tenho esse talento. Eu não sei conduzir uma entrevista polêmica. Tenho muita dificuldade, porque por princípio eu não sou assim. Eu tento ser uma pessoa suave o tempo todo.

Sempre?

Menos comigo porque eu tenho uma autocrítica monumental. Eu não consigo assistir um programa que eu faço. Não me pergunte o motivo.

Ronnie Von defende o direito de ser gentil Foto: DIV

Você é cobrado para se posicionar politicamente?

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Eu nunca me senti cobrado nesse sentido. O que acontece é que praticamente todo ano de eleição sou convidado a me candidatar. Fui convidado três vezes para me candidatar a prefeito – até por partidos que eu nunca tinha ouvido falar na vida. Eu diria que tenho algo próximo a uma certa rejeição à política – apesar de ter estudado muito. Tenho muita resistência à política. Claro que eu tenho a minha visão pessoal e particular, mas não exponho.

Nunca teve vontade?

Sendo um profissional de comunicação, sinto que eu não posso induzir as pessoas por uma crença minha. Posso compartilhar com meus amigos mais íntimos e família, mas nunca vou tornar isso público, em nenhuma hipótese. Não tenho vontade de fazer isso, como nunca tive vontade de me candidatar coisa nenhuma.

Esse ano você completa 80 anos. Como está vivendo a passagem do tempo?

Eu tive agência de propaganda. E com toda certeza isso de ‘melhor idade’ deve ter sido criado por um publicitário. Isso é um equívoco. A melhor idade é ter seus 25 anos. Então, eu não vou me enganar dizendo que vivo a melhor idade. Eu tenho absoluta consciência da idade que tenho.

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Como tem vivido essa fase?

Você tem que tentar viver de uma forma gostosa e alegre. Na verdade, nós trabalhamos muito a vida inteira. É muito injusto que no fim da vida você tenha uma problemática. Tento levar de forma mais leve. Quando as pessoas dizem que não parece que vou fazer 80 anos, eu mostro minha carteira de identidade.

Já precisou abrir mão de alguns prazeres da vida?

Não abro mão porque aí não vale a pena continuar vivendo. Meu interesse é viver, não apenas durar. Eu sou sommelier, tenho uma adega lendária, gosto de comer e de um bom vinho. Fiz um curso de coquetelaria que foi uma coisa maravilhosa na minha vida. Fui aluno do Mestre Derivan (considerado um dos ‘pais’ da coquetelaria brasileira, falecido em maio do ano passado). Derivan foi meu mestre, meu professor.

Como gosta do seu martini?

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Meu martini é algo que, eventualmente, eu até discutia com o Derivan. Ele gostava do drinque seco, quase que o gim puro. Eu já gosto de botar um pouquinho mais de vermute.

A música ainda é um chamado para você?

Faço gravações para caridade, para ajudar instituições. Também já gravei presentes para amigos. A Ritinha, por exemplo (Rita Lee), cismou que eu tinha que gravar uma música que achava ter muito a ver comigo. Gravei ‘Só de Você’ para ela. Mandei uma carta para ela, junto com uma orquídea. Ela ficou muito feliz (veja vídeo abaixo).

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