Holanda devolverá 200 quadros vendidos no Holocausto

O governo holandês quer que museus devolvam os quadros do judeu Jacques Goudstikker

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Por Agencia Estado
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O Governo holandês planeja determinar na próxima semana que vários museus do país devolvam mais de 200 quadros do marchand e colecionador de arte judeu Jacques Goudstikker, que foi obrigado a vender suas obras a preço de saldo durante a Segunda Guerra Mundial. "A decisão deverá ser tomada na próxima semana", disse Elea Trienekens, uma porta-voz do Ministério da Cultura holandês, segundo a qual a iniciativa final de devolver as obras aos herdeiros de Goudstikker corresponde à secretária de Estado de Cultura, Medy van der Laan, que já recebeu um relatório favorável da Comissão de Restituições. A coleção inclui obras de grandes mestres holandeses, flamengos e italianos, como Hans Memling, Tintoretto, Veronese e Lucas Cranach. A reivindicação original da família é de 276 pinturas, mas a porta-voz não pôde precisar se o Governo está de acordo com esse número. Várias das obras estão no Rijksmuseum de Amsterdã, o museu mais importante do país, e o restante está espalhado em diferentes museus holandeses. A coleção Goudstikker foi objeto de um longo processo judicial na Holanda por parte dos herdeiros do dono original. Jacques Goudstikker morreu em maio de 1940 a bordo da embarcação em que fugia com sua família dos alemães que acabavam de invadir seu país, já que temia a perseguição nazista contra os judeus. Antes, tinha vendido rapidamente sua coleção, que incluía cerca de 1.300 obras, a Alois Miedl, um marchand de arte alemão estabelecido na Holanda, segundo relatou o jornalista holandês Pieter den Hollander no livro "De Zaak Goudstikker", publicado em 1999 após investigar o caso. Hermann Goering, um dos principais dirigentes do regime nazista e muito ativo na pilhagem de arte nos países ocupados pela Alemanha, obrigou Miedl a vender-lhe boa parte das obras muito abaixo de seu preço de mercado. Cerca de 300 das pinturas foram achadas nas coleções particulares de Goering e do próprio Adolf Hitler após o final da Segunda Guerra Mundial, mas as autoridades holandesas ficaram com a maioria delas, com as quais enriqueceram seus museus, enquanto leiloaram outras.

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