Inhotim vai retirar obra de Maxwell Alexandre de sua exposição

Pintor que ficou conhecido com a série ‘Pardo é Papel’ e entrou para a lista ‘Forbes under 30′, em 2020, criticou curadoria do Instituto

PUBLICIDADE

Foto do author Matheus Lopes Quirino
Atualização:

Um dos artistas participantes da mostra Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro, o pintor carioca Maxwell Alexandre, 32, terá a obra ‘sem título’, da série “Novo Poder” (2021), retirada da exposição na quarta-feira, 7. A equipe da curadoria do Instituto atende ao pedido do artista, que foi às redes sociais no dia 18 de novembro para pedir a remoção de seu trabalho.

A mostra, que está em duas galerias no Inhotim, reúne obras de 32 artistas e um coletivo. Em O Mundo é o Teatro do Homem, que mostra a relação da obra de Abdias do Nascimento (personalidade homenageada nas exposições) com o Teatro Experimental do Negro, a curadoria reuniu trabalhos de três artistas brancos (Jonathas de Andrade, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca) na Galeria Fonte. O argumento de Alexandre é que Inhotim privilegiou o trio com este recorte.

O pintor Maxwell Alexandre, autor da série "Pardo é papel", que entrou na lista de personalidades mais bem-sucedidas abaixo dos 30 anos da revista Forbes, em 2020, na categoria de artes visuais Foto: Iara Morselli/ESTADÃO

PUBLICIDADE

O artista também criticou a falta de pessoas negras na equipe do museu e discordou da curadoria da mostra: “Quando finalmente decidem dar algum espaço [para artistas pretos], enfiam todos em uma galeria só, em uma exposição temporária”. Alexandre reivindicou ainda, em outra publicação, um pavilhão próprio, como condição para continuar no Inhotim.

“Nos últimos dois anos o Inhotim abriu, ainda que tardiamente, uma frente de pensamento e reflexão com a aquisição de um número significativo de obras de artistas negros. Essas aquisições agora constituem uma parte relevante da coleção e, com isso, demandam uma mudança das narrativas que a instituição constrói ao redor do seu acervo.”, afirmou o Instituto em uma nota oficial enviada aos jornalistas na noite de sexta-feira, 2.

Publicidade

Obra de 2018, da série Pardo é Papel. Maxwell Alexandre usa materiais encontrados na favela da Rocinha, incluindo látex, betume, acrílico e carvão sobre papel kraft marrom Foto: Museu de Arte do Rio

Segundo o curador-assistente da exposição, Deri Andrade afirmou ao Estadão em Brumadinho: “[inhotim] tem pensado essa produção (dos artistas negros contemporâneos) como vanguardista, pois há um interesse em resgatar figuras históricas a partir da subversão, tendo na pintura e, principalmente, no retrato o instrumento principal para solidificar essa nova vanguarda artística.”

Ainda segundo a nota oficial: “Esse processo [de inclusão de artistas não-brancos] começou gradualmente em 2021 quando, simultaneamente, em uma iniciativa sem precedentes em seus 15 anos de história, Inhotim iniciou uma pareria com o Ipeafro para abrigar sua coleção de arte e seu arquivo, ao longo de dois anos de exibições sobre a vida e os múltiplos legados de seu fundador, Abdias Nascimento. As recentes aquisições para a coleção incluem obras de artistas como Rosana Paulino, Arjan Martins, Panmela Castro, Antonio Obá, bem como a obra de Maxwell Alexandre.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.