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Opinião|Ópera 'Madame Butterfly' ganha leitura social no Teatro Municipal de São Paulo

Ópera de Giacomo Puccini tem direção cênica de Livia Sabag e direção musical de Roberto Minczuk

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Foto do author João Luiz Sampaio

O Teatro Municipal de São Paulo abre nesta sexta, 15, sua temporada de óperas, com Madame Butterfly, de Puccini, lembrando o centenário de morte do compositor italiano.

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Em Nagasaki, no início do século 20, um soldado americano, Pinkerton, compra uma casa e se casa com a gueixa Cio-Cio San. Ele logo parte, e a ópera mostra a espera da jovem, que anseia pelo retorno do marido - e descobre, no final, que ele se casou com uma americana.

Para o público, a tragédia é anunciada logo no início. Mas a diretora Livia Sabag, responsável pela encenação, lembra que há um caminho até ela - e ele passa por uma maior compreensão da personagem Cio-Cio San e do contexto social em que está inserida.

Esse é o ponto de partida da produção, que estreou em novembro no Teatro Colón de Buenos Aires. "Sempre ficamos, ao longo da ópera, pensando: agora ela entendeu o que está acontecendo. Mas é um olhar que não leva em consideração a trajetória dela como um todo, o que nos ajudaria a compreender por que ela chega a uma posição tão vulnerável", explica a diretora, cuja leitura articula a tragédia à questão social.

"A figura da gueixa tem uma importância na sociedade japonesa, goza de prestígio, mas, para uma filha de samurai como Cio-Cio San, é uma mudança radical. No dueto do final do primeiro ato, ela deixa claro como quer ser vista, como a incomoda a objetificação dele. Ela percebe quem Pinkerton é, reage a algumas de suas grosserias. Mas ela não tem opção, ela precisa sustentar para si mesma a esperança de que ele seja íntegro."

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A questão social se coloca, assim, tão importante - se não mais - do que a noção de Madame Butterfly como uma história de amor. "Ela é uma menina, mas mais forte que todos ali. E a questão cultural não pode ser ignorada. A morte dela não tem nada a ver com amor, com Pinkerton. Ela tira a própria vida pois estão em jogo a honra dela e o futuro do filho. Ela se sacrifica justamente por ser uma mulher íntegra."

A direção musical do espetáculo é do maestro Roberto Minczuk, à frente da Orquestra Sinfônica Municipal. Maíra Ferreira rege o Coral Paulistano. No elenco, revezam-se as sopranos Carmen Giannattasio e Eiko Senda, os tenores Celso Albelo e Henrique Bravo, as meios-sopranos Ana Lucia Benedetti e Juliana Taino e os barítonos Douglas Hahn e Michel de Souza.

As récitas acontecem nos dias 15 (20h), 16 e 17 (17h), 19, 20 e 22 (20h) e 23 (17h).

Cena de 'Madame Butterfly', no Teatro Municipal de São Paulo (Larissa Paz)  
Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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