A Feira Paulista de Opinião, criada por Augusto Boal no Teatro de Arena e que teve sua primeira edição há exatos 50 anos, é reeditada pelo instituto que leva o nome do criador do Teatro do Oprimido.
Organizada pela viúva de Boal, Cecília, pelo diretor Marco Antonio Rodrigues e pela produtora Gabi Gonçalves, a feira terá início com a reunião de 18 dramaturgos dia 30 no Teatro de Contêiner da Cia Mungunzá.
A ideia é que autor escreva um texto dramático de 15 minutos para ser apresentado em maratona com data a ser definida. Os textos, que devem ter em comum o olhar de cada para o Brasil de hoje, serão de autores como Grace Passô, Luis Alberto de Abreu, Mário Bortolotto, Pedro Kosowski, Sérgio de Carvalho. Coisa fina vem por aí.
XEPA DA CENSURA Nos textos dramatúrgicos da 1.ª Feira Paulista de Opinião foram feitos 84 cortes pelos censores da Polícia Federal. E olha que o AI-5 viria meses depois. Os autores eram dramaturgos que foram se tornando referência, como Gianfrancesco Guarnieri, Jorge Andrade, Bráulio Pedroso, Plínio Marcos, além de Lauro Cesar Muniz, que participa da nova edição. PALAVRÕES DE ARTISTA Aliás, depois de o evento sofrer a reprimenda de parlamentares pelo uso de palavrões no teatro, Boal instou os artistas a criar a própria lista de palavrões para que a classe lutasse contra. Daí saíram ditadura, censura, analfabetismo, fome, arrocho salarial e latifúndio. O ANO TODO ACORDADO Insones (foto) estreia dia 21 no auditório do Sesc Pinheiros, com direção de Kiko Marques, e Fernanda Raquel, Helena Cardoso, Paulo Arcuri e Vinícius Meloni no elenco. Os quatro personagens permanecem 365 dias acordados e esperam a virada para comemorar o ano que está chegando. Mas não conseguem por conta de uma série de fatos que afetam as relações entre os convivas.
RIO ELÉTRICO O festival Cena Brasil Internacional começou ontem no Rio, no CCBB, e vai até o dia 17. Além das produções de Pindorama, são seis as montagens gringas, inéditas por aqui: Yo No Muero, Ya No Más e El Tiempo entre Nosotros, ambos da Argentina; o chileno Estado Vegetal, de Manuela Infante, Like a Villain, de Holland Andrews, dos EUA, e as produções francesas, Samedi Détente e Unwanted. Programação: www.cenabrasilinternacional.com.br VAI PARA O TRONO Se Akira Kurosawa imortalizou no cinema o Macbeth, de Will Shakespeare, com o seu Trono Manchado de Sangue (em inglês, sem invencionices, somente Throne of Blood) agora os alicerces dos palcos americanos parecem abalados por uma montagem japonesa da tragédia escrita pelo Bardo entre 1605 e 1606. A proeza é do diretor teatral japonês Yukio Ninagawa, que encena a história do general Macbeth em sua sanha para se tornar rei da Escócia de 21 a 25 de julho, no David H. Koch Theatre, do Lincoln Center, em NY.
3 Perguntas para Paula Picarelli, atriz da Cia Hiato
1. Por que teatro? As narrativas diárias das louças, mercado, contas e política não bastam.
2. O que é ser atriz? É viver entre a glória e os tomates. Desistir e persistir infinitamente.
3. O que faz fora do palco? Estou construindo uma cidade de papel e sucata com a Sofia, minha filha de 6 anos. Já fizemos o circo e um parque com uma cachoeira e muitas flores.
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